Novos Povoadores®

Apoiamos a instalação de negócios em territórios rurais

Munícipios do interior perdem 10% de populaçãopor ano

por Ana Tomás Ribeiro



A desertificação do interior do país continua a crescer e boa parte destas autarquias perdem anualmente entre 10% a 15% da população, disse ao DN o presidente da Associação Nacional dos Municípios. O projecto Novos Povoadores, que quer levar para lá quem vive nas grandes cidades, já contava ontem com mais de cem famílias candidatas à mudança.

A desertificação do interior do país continua a crescer. "Uma parte dos municípios do interior já está a perder anualmente entre 10% a 15 da sua população " ,disse ontem ao DN o presidente da Associação Nacional dos Municípios, Fernando Ruas, baseando os seus cálculos em dados dos censos populacionais. Uma percentagem que virá a agravar-se se nada se fizer para travar o problema.

O autarca diz que não existem políticas nacionais para combater o problema, que não se resolve apenas com medidas locais. Pelo contrário, diz, há até políticas nacionais que têm "incentivado ou acelerado o despovoamento de algumas regiões, como é o caso do encerramento de serviços públicos" , como as maternidades. As grandes obras públicas que o Governo quer levar por diante são para o representante dos autarcas, projectos importantes para o país em termos de combate ao desemprego. "Mas uma parte da mão-de-obra para as executar também sairá do interior e isso poderá ser mais um factor a contribuir para a desertificação".

A prioridade da associação é travar a saída de mais pessoas do interior e fixar as famílias que lá existem. Com esse objectivo aquela estrutura associativa apresentou recentemente ao Governo um programa de combate ao problema que exige apoios estatais da ordem dos 730 milhões de euros com os quais "os munícipes podiam alavancar quer o emprego quer as economias locais", referiu Fernando Ruas. Aguardam agora pela resposta governamental.

Quanto a atrair pessoas dos grandes centros urbanos para essas regiões, um objectivo do projecto Novos Povoa- dores, cujos primeiro dados foram divulgados ontem pelo DN, considera que é importante, mas não prioritário.

Seja como for o projecto criado por três amigos - Frederico Lucas, Ana Linhares e Alexandre Ferraz (ver caixa perfis) - e que conta, na sua implementação com a parceria do Intec, Instituto de Tecnologia Comportamental, e coma experiência de Patrícia Palma e Miguel Lopes (ver caixa)- já contava ontem com mais de cem famílias candidatas a deixar os grandes centros urbanos para irem viver para uma cidade de média dimensão.

A primeira autarquia a acolher alguns destes novos povoadores, que deverão mudar-se no início do próximo ano lectivo, será Abrantes. A Câmara local e a Associação Tagus Vallei, a promotora do Tecnopólo Vale do Tejo, deverão assinar o protocolo com os Novos Povoadores ainda em Abril , disse ao DN Céu Albuquerque, vereadora do ambiente e desenvolvimento económico daquela autarquia (ver reportagem no texto ao lado). Numa primeira fase vão acolher 20 famílias. Mas há já outros municípios interessados na ideia.

in DN

33 famílias serão Novos Povoadores do interior em Setembro

por Ana Tomás Ribeiro



Há 277 municípios a precisar de recursos humanos. E famílias de grandes cidades a quererem mudar de vida. O projecto Novos Povoadores é o ponto de encontro.

Há 277 municípios a precisar de recursos humanos qualificados e de gente empreendedora capaz de criar projectos geradores de emprego, com efeito multiplicador, e de competir a nível internacional. E há certamente famílias nos grande centros urbanos com vontade de mudarem para a província, para desenvolver um projecto próprio tendo mais qualidade de vida.

Foi nisto que Frederico Lucas pensou quando decidiu desafiar dois amigos, a Ana Linhares, socióloga, e o Alexandre Ferraz, técnico de uma associação de desenvolvimento local em Trancoso, para criarem conjuntamente o projecto Novos Povoadores (divulgado pela Visão há duas semanas), que tem como objectivo encontrar, nos grandes centros urbanos, candidatos à altura das necessidades regionais. Depois era preciso encontrar um parceiro que os ajudasse a pôr em prática o desafio. Encontraram o Intec - Instituto de Tecnologia Comportamental. Assim, o projecto só começou a ser posto em prática em Dezembro.

De então para cá já se candidataram 25 famílias. "Mas daqui por um mês já devemos ter 100 candidaturas. Uma estimativa que faço de acordo com o número de contactos que temos recebido", explica Frederico Lucas.

Para garantir o sucesso da família na sua nova vida, um dos membros do casal deverá ter um emprego assegurado, quer por via da transferência da sua actual entidade empregadora ou de uma entidade da região que o venha previamente a contratar. O outro membro da família terá de desenvolver um projecto empreendedor, para o qual conta, desde logo, com apoios de várias entidades, incluindo do próprio município.

Contudo, das cem famílias que deverão ser candidatas dentro de um mês, só um terço concretizará a mudança. Ou seja, 33.

De acordo com o cálculos de um dos mentores do projecto, "a maioria vai desistir ou prorrogar a decisão a meio do processo de aproximação à nova realidade. Um processo que pretendemos fazer de uma forma lenta, e com várias etapas, para que os candidatos se apercebam de todos os prós e contra" (ver caixa com passo a passo). Os que vão desistir, diz Frederico Lucas, fazem-no essencialmente por questões culturais. As que se mantêm mudam-se no começo do próximo ano lectivo, em Setembro, para uma cidade ligada por auto-estrada. Porque os mentores do projecto Novos Povoadores querem iniciar a experiência piloto num centro urbano de fácil acesso. Em cima da mesa estão várias hipóteses: Castelo Branco, Évora, Abrantes. Uma ilha nos Açores também está a ser estudada.

Entre as 15 famílias que já estão em processo de avaliação, há casais sem filhos e famílias numeroas (com 5 pessoas ), muitos profissionais da comunicação, marketing, engenheiros e projectistas, bem como emigrantes que regressaram ao país e querem investir em projectos de turismo rural.

in DN

Conhecida a primeira finalista do "Melhor Emprego do Mundo"

Com mais de 150 mil votos, uma jovem de Taiwan foi a preferida dos internautas que votaram nos candidatos ao melhor emprego do mundo. Os outros 10 finalistas, escolhidos pelo Turismo de Queensland, só serão conhecidos para a semana. Veja o VÍDEO da vencedora



Fechada a votação, a candidata Clare Wang, de Taiwan, foi a escolhida pelos internautas, com mais de 151 mil votos. No total, serão 11 finalistas a terem a possibilidade de se deslocarem à Austrália para a última etapa, uma entrevista. Os 10 que faltam são escolhidos pelo Turismo de Queensland e anunciados apenas a 2 de Abril.

O emprego, esse é "duro": Seis meses de contrato, 100 mil dólares, casa de sonho na paradisíaca ilha de Hamilton e a difícil missão de assegurar algumas tarefas básicas e relatar a experiência num blogue.

Candidataram-se 34 mil pessoas e os 50 primeiros selecionados foram anunciados na terça-feira, 3 de Março. (Vale a pena espreitar a lista dos finalistas para ver a criatividade dos vídeos dos candidatos).

Entre esses 50 pré-selecionados, oriundos de 22 países, encontra-se um angariador de fundos para caridade, um instrutor de dança, um fisioterapeuta, um chef, um DJ, um cientista, um actor, estudantes, jornalistas e intérpretes.

O vencedor será anunciado no dia 6 de Maio.

in Visão

As novas indústrias do próximo futuro



Existe uma grande convicção no sentido do surgimento de um novo paradigma de desenvolvimento no período que se seguirá à actual crise económica e financeira global. A grande interrogação que se coloca aos decisores empresarias reside na determinação dos sectores que vão crescer, dos que se vão

Existe uma grande convicção no sentido do surgimento de um novo paradigma de desenvolvimento no período que se seguirá à actual crise económica e financeira global.

A grande interrogação que se coloca aos decisores empresarias reside na determinação dos sectores que vão crescer, dos que se vão reduzir e dos novos sectores de actividade económica que surgirão ou se afirmarão de uma forma significativa.

Correndo os riscos associados às previsões, particularmente altos em períodos de elevada turbulência e de transição, considero útil desenvolver algumas reflexões em torno das indústrias potenciais do futuro próximo, que permita a discussão e o estabelecimento de caminhos para o futuro das empresas portuguesas.

Neste exercício prospectivo, as actividades empresariais que se evidenciarão no futuro próximo, serão, em minha opinião, agrupadas em torno das seguintes áreas:



• Indústrias da sustentabilidade que integrarão os "clusters" ligadas ligados às novas formas de conservação e produção de energia e de protecção do ambiente, onde se incluirão as unidades ligadas à energia eólica, células fotovoltaicas, carros eléctricos, novos materiais compósitos, componentes electrónicos….

• Indústrias da saúde e bem-estar, integrando as unidades da área da bioquímica e farmacêutica, equipamentos hospitalares, materiais recicláveis, novos sistemas de tratamento e prevenção de doenças, clínicas especializadas…

• Indústrias do entretenimento e da qualidade de vida, integrando as áreas do turismo, desporto, cultura, dos conteúdos multimédia…

• Indústrias da produtividade e da eficiência, integrando as tecnologias de informação e comunicação, a indústria informática, os novos sistemas de criação, transporte e distribuição de informação…

• Indústrias da geografia, integrando a "customização" das diferentes tecnologias para diferentes geografias, com especial relevo para as tecnologias tropicais que permitam o desenvolvimento da agricultura, pecuária, medicina… dos países de África e de outras regiões menos desenvolvidas.

Assistiremos, simultaneamente, ao declínio ou redução da actividade de um conjunto de sectores, com graus elevados de ineficiência produtiva, associados a um modelo de consumo intensivo, tais como a indústria automóvel, imobiliária e electrónica de consumo tradicional, assim como ao decréscimo de rendibilidade de sectores que apostaram numa diferenciação artificial não suportada no "value for money" dos seus produtos. Nestes sectores assistiremos a uma alteração qualitativa significativa do portefólio de produtos que o mercado virá a aceitar.

Os sinais que a economia americana emitirá nos próximos meses vão ser fundamentais para testar e corrigir estas projecções, e para a construção de opções sólidas para o futuro da actividade produtiva portuguesa. Neste aspecto, especial atenção deve ser dada aos programas de investigação aplicada das universidades americanas de referência, já que os mesmos ditarão as grandes linhas de desenvolvimento tecnológico e empresarial para o próximo futuro.

Em relação aos sectores tradicionais de consumo das famílias - têxtil, vestuário, mobiliário, decoração, etc., verificar-se-á uma maior sensibilidade ao preço pelo que serão essenciais os esforços de aumento de produtividade e redução de custos. As famílias tenderão a afectar uma parte menor do seu rendimento disponível a este tipo de produtos, concentrando o rendimento remanescente nas novas áreas atrás referidas ligadas à saúde e qualidade de vida, aos quais exigirão um elevado índice do "value for money".

Os próximos tempos vão ser tempos de reflexão e estudo intensivo. Não são, tradicionalmente, as áreas preferenciais de aplicação de recursos dos nossos agentes empresariais. Mas terão de passar a ser!

in JN, Luís Todo Bom

A Busca Interior


São cada vez mais os que partem dos centros urbanos para o Interior. Procuram, não o ideal romântico de outros tempos, mas oportunidades de trabalho e de vida que as cidades lhes vão negando.

Ana Berliner foi das que trocaram Lisboa pelo Vale do Côa, terra que lhe vai servindo para cumprir o gosto pela conservação da natureza. Bióloga, é presidente da Associação Transumância e Natureza (ATN), actividade a que se vai dedicando como "hobby". A subsistência da família é assegurada pela exploração de uma casa de turismo rural.

É à frente dos destinos da ATN que Ana Berliner sente a solidão imposta por uma paixão que ainda não é valorizada pela sociedade em geral. "Temos falta de meios físicos e humanos", contou ao JN. "Enquanto há projectos, as coisas vão correndo bem... Mas os nossos meios são muito escassos". A carência é combatida pelos apoios que recebem de organizações internacionais. "Em Portugal, não recolhemos muitos apoios e não existe mecenato em projectos de conservação da natureza", lamenta a bióloga.

Os atrasos nos pagamentos do Ministério da Agricultura e o excesso de burocracia para passar à prática algumas das iniciativas, como o sempre adiado campo de alimento de aves necrófagas, desgastam e moem, exemplifica Ana Berliner. Mas não matam o gosto de quem deitou mãos e alma à dinamização de associações de desenvolvimento rural. O JN falou com vários jovens, actualmente à frente de projectos no Douro Internacional (ver página 3 e 4). A falta de apoios e o excesso de burocracia são queixas unanimente partilhadas.

Rui Rafael, do Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP) do Ministério da Agricultura, desmonta, no entanto, a ideia da insuficiência de apoios. No âmbito da aplicação dos fundos comunitários, a sociedade civil tem ao dispor uma dotação de 453 milhões de euros para aplicação em projectos que vão da diversificação da economia e criação de emprego, à melhoria qualidade de vida, implementação de estratégias de desenvolvimento local e para o funcionamento dos Grupo de Acção Local (GAL), explicou.

Até à data, adiantou, ainda, o técnico do GPP, foram criados 44 GAL, que cobrem 80% do território nacional. Estes gabinetes têm como tarefa a gestão da aplicação das verbas numa determinada área. "Sabemos por experiência que quem faz melhor o que é melhor para si é a comunidade local", explicou Rui Rafael, justificando, assim, a criação de unidades locais para a gestão dos fundos.

As associações podem submeter aos GAL os projectos que pretendem aplicar no terreno, sendo que têm que ter como filosofia subjacente a criação de investimento, emprego e competitividade, o que por si só não garante a resolução do problema da fixação de recursos humanos, sublinhou Rui Rafael.

Renato Carmo, investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), apesar de reconhecer a forte dependência das associações de desenvolvimento rural dos fundos comunitários, salienta a ausência de políticas públicas direccionadas para este tipo de dinâmicas. "Quando acabam os apoios não têm capacidade de continuidade", sublinhou o sociólogo, defendendo a criação políticas capazes de atrair pessoas ao Interior.

Gente que parte das cidades à procura de uma vida melhor, mas que partilha a intenção de preservar, valorizar e revitalizar o património rural das terras que a acolhe. Américo Tomé, vice-presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, embora reconheça a importância de receber forasteiros, mostra-se ciente das dificuldades. "Por cá, temos muito espaço para poucas pessoas", lamenta, consciente de que as oportunidades só vingam onde há gente.

in JN, Maria Cláudia Monteiro

Using Mind Maps for Knowledge Management

Gerir a Inovação para inovar a Gestão

Novas estratégias à volta de temas centrais para o futuro do País e da Europa estão em cima da mesa.
Francisco Jaime Quesado


Novas estratégias à volta de temas centrais para o futuro do País e da Europa estão em cima da mesa. Pensar a Inovação e Criatividade como factores centrais duma nova sustentabilidade em que a participação dos cidadãos se assume numa lógica colaborativa em rede justifica uma atenção muito especial aos novos factores estratégicos de competitividade que devem nortear qualquer actuação para o futuro. Não se pode conceber uma lógica de mudança na sociedade portuguesa se não se fizer da Inovação e Criatividade os "enablers" estratégicos duma nova atitude perante a participação individual em sociedade. O evento "Business Innovation" que traz a Portugal especialistas como Kjell Nordstrom, Henry Chesbrough e Peter Skarzinsky é um importante marco na discussão desta pretendida mudança de agenda.

A importância estratégica que a temática da Inovação e Criatividade assume justifica uma participação activa da sociedade civil na discussão dos caminhos que se têm que definir daqui para a frente. Há claramente um sentido de urgência no envolvimento dos "actores operacionais" (Estado, universidades, centros I&D, empresas) na abordagem estruturada das opções que estão em cima da mesa na definição dos investimentos a realizar. A vinda destes especialistas a Lisboa afigura-se neste contexto muito oportuna: a mensagem de mudança e de abertura a um novo compromisso que terão ocasião de deixar bem expressa será certamente um sinal de confiança para com os desafios que se colocam à economia e sociedade portuguesa nos próximos tempos.

Mudar a agenda para agendar a mudança é um desafio colectivo no qual a participação individual se configura como estrategicamente mais do que necessária. O objectivo de consolidação da Sociedade do Conhecimento em Portugal não se pode fazer por mero decreto e face à dimensão estratégica assumida pelos objectivos da sustentabilidade torna-se fundamental que o Estado, as universidades e os players empresariais na área das telecomunicações firmem um verdadeiro pacto estratégico sobre as parcerias a desenvolver para a implementação de plataformas em que os cidadãos se revelem nesta nova lógica participativa que cada vez mais é o Portugal 2.0.

A participação empreendedora da sociedade civil neste amplo movimento de reflexão estratégica sobre as novas temáticas para o futuro do país fecha o circuito. São boas as notícias que nos chegam quanto à oportunidade de afirmação da Plataforma Construir Ideias, na linha do capital de intervenção de prestigiados "Think tanks" como é o caso do Policy Network ou do Bruegel, entre outros. Também aqui a actualidade estratégica da temática energética veio ao de cima, corporizada na discussão profunda sobre as questões suscitadas pela opção do nuclear como fonte energética alternativa em Portugal. Trata-se duma matéria polémica e a sua abordagem torna-se fundamental para sustentar opções que se venham a fazer daqui para a frente.

A construção duma Sociedade da Inovação e Criatividade é um desafio complexo e transversal a todos os actores e exige um capital de compromisso colaborativo entre todos. Em 2009 Portugal é já claramente um país da linha da frente em matéria de infra-estruturas de última geração na área das telecomunicações e da produção de novas fontes de energia. Assumir o desafio duma perspectiva estratégica de aposta num novo modelo de economia sustentável, centrada na Inovação e Criatividade, implica por isso saber dar resposta às solicitações das várias frentes e acima de tudo tomar de forma consciente opções sobre qual as melhores soluções a adoptar para o futuro.

A Estratégia de Lisboa em que assenta o compromisso para o futuro de Portugal e da Europa é um processo em permanente renovação. Assumir o desafio das melhores opções para Portugal numa Europa indefinida e num mundo global complexo passa por saber discutir as questões que estão em cima da mesa. A Inovação define uma agenda que tem que ser "agarrada" com sentido de futuro. Por isso, os "diálogos" que a partir de agora se vão desenvolver um pouco pelo País vai são um sinal de resposta ao desafio. O primeiro passo é dado com o "Business Innovation" em Lisboa. Esperemos que os resultados correspondam às expectativas.


Gestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento

in Jornal de Negócios

O actual momento é de ouro!



NUNCA VI TANTA GENTE A QUESTIONAR-SE SOBRE A VALIDADE DOS SISTEMAS INSTITUÍDOS, muitos deles verdadeiros cancros à modernização e COMPETITIVIDADE do país que nos une.

Julgo que é consensual que reside no empreendedorismo a chave para a dinamização da economia. E neste domínio há muito para fazer.
Desde logo, EDUCAMOS OS NOSSOS FILHOS PARA SEREM FUNCIONÁRIOS, num modelo de trabalho que se esgotou na geração dos nossos pais. Os rendimentos sobre o trabalho dos nossos filhos vão variar directamente com a sua produtividade pelo que os modelos de "endividamento para toda a vida e depois dela" valem hoje o mesmo que os fundos Madoff.

Por outro lado, O ESTADO NÃO SABE LIDAR COM O EMPREENDEDORISMO: Sendo o maior cliente nacional, porque não promove a partilha de conhecimento através de equipas mistas e multidisciplinares com estruturas de comunicação actuais ao invés das tradicionais "comissões" que mais se assemelhavam a reuniões de condomínio?

Mas para tudo isto precisamos de uma estratégia forte. Precisamos de compreender a geografia dos clusters e NÃO SOFRER CONDICIONALISMOS para explorar as oportunidades emergentes.

Um exemplo:
Estive recentemente a oportunidade de participar numa conferência onde a maioria dos presentes já colabora em conjunto há mais de uma década. Tratava-se do sector turístico do Algarve. Foram aquelas pessoas que decidiram COLECTIVAMENTE que Portugal tinha condições para se afirmar como destino de golfe a NÍVEL GLOBAL.
Hoje, 35% dos turistas mundiais que praticam golfe indicam Portugal como destino de eleição. E esse resultado, que se traduz em receitas significativas na economia portuguesa, mais não é do que o resultado da união de empresários, políticos e investigadores num objectivo comum.
Por curiosidade, entende HOJE este grupo de trabalho que o TURISMO RESIDENCIAL pode ser uma nova oportunidade de afirmação do turismo de Portugal angariando NOVOS POVOADORES provenientes de economias mais abastadas que a nossa.

As Cidades mais Vazias da América



O seguinte texto é uma adaptação do artigo “America’s Emptiest Cities” de Zack O’Malley, da revista Forbes

«As Cidades mais Vazias da América

Durante décadas Las Vegas vibrou com nova construção e um desenvolvimento económico alucinante. Detroit, o centro da indústria americana, estagnou e enferrujou sob o seu próprio peso. Assim, Las Vegas e Detroit “disputam” o título de cidade mais abandonada da América. Atlanta surge em terceiro, seguido por Greensboro, N.C. e ainda por Dayton, no 6º posto.

Estes resultados surgem de uma combinação entre taxas de ocupação de casas alugadas e casas próprias realizada pela Forbes com valores obtidos no Census Bureau, em que o valor final é uma média dos dados acima observados, para as 75 maiores áreas metropolitanas dos Estados Unidos da América.

Cidades como Detroit e Dayton são vítimas do longo declínio industrial americano, já outras como Las Vegas e Orlando, são vítimas da recente quebra na procura de casa (existem 18.9 milhões de casas vagas nos EUA). Boston e New York estão na situação oposta,

Ainda assim, os bairros vazios estão-se a transformar num problema cada vez mais grave no país. A taxa de casas de aluguer livres a nível nacional está agora em 10.1%, acima de 9.6% de um ano atrás.

“Está uma confusão” diz o construtor Laurence Hallier de Vegas. “Agora, as coisas estão congeladas. Toda a gente está assustada.” Hallier, sabe-o por experiência. O seu complexo Panorama Towers era um sucesso no início, há três anos. O primeiro dos quatro arranha-céus residenciais planeados foi vendido em seis meses, o segundo, que abrira em 2007, vendeu em 12 semanas. Já a terceira torre, perto da data de conclusão no Outono passado, tinha apenas vendido 92% de suas unidades. Com a recessão apenas metade dos negócios foram concluídos. Hallier diz que demorará anos para vender o restante e o projecto para a quarta torre foi atrasado indefinidamente.

Enquanto os preços dos bens imobiliários subiram rapidamente durante o crescimento, os consumidores contraíram grandes empréstimos para comprar casas, partindo do principio que os valores iriam continuar a aumentar. Em vez disso os preços tiveram uma queda abrupta, em especial em lugares como Las Vegas, Florida e Phoenix, onde o crescimento do parque habitacional era grande. Muitos proprietários encontraram-se então de repente com o valor das propriedades longe do valor das hipotecas que realizaram. A situação em Las Vegas é bastante má mas em Detroit os problemas são muito mais profundos. O grande desenvolvimento industrial durante a primeira metade do século XX, a população de Detroit cresceu de 285.000 em 1900 a 990.000 em 1920, alcançando um pico de 1.8 milhões em 1950. Mas no começo dosanos 60, Detroit começou o declínio. A sua população é agora de 900.000 - metade do que era no meio do século - e muitos dos seus bairros deterioram-se rapidamente.

A maioria dos estudos responsabilizam o alargamento dos subúrbios, o outsorcing de trabalhos fabris e os programas federais que dizem agravar a situação criando uma cultura do desemprego e de dependência.

Contudo após mais do que meio século, ainda ninguém foi capaz de encontrar uma solução para recuperar Detroit.

Las Vegas sofrerá eventualmente o mesmo destino?»

Daniel Tiago via 5ª Cidade

INTERIORIDADES: ENTRE MITOS E REALIDADES


A palavra em si, “interioridades”, possui densas conotações psicanalíticas e intimistas, geográficas e etnográficas, e, ultimamente, tem vindo mesmo a tomar contornos míticos que urge reposicionar, sob pena deste termo servir de “pau para toda a colher” nas teses políticas de sinal contrário, e confundir a cidadania sobre as prementes questões territoriais, demográficas, sociais, económicas, sanitárias, educacionais, ambientais, culturais, políticas e administrativas, que impendem sobre o que comummente se denomina hoje por “questão da interioridade”.

Sobre esta questão, no actual contexto, e porque de questão se trata, enunciemos com pertinência os principais dados do problema, do nosso ponto de vista, e, como ponto de vista.

Primeiro, este debate não dispensa uma análise desmistificadora das ideologias dominantes em matéria de desenvolvimento, e daquilo que não feito e porque o não foi, como daquilo que foi feito e de que modo o foi.

Esta necessidade assenta na constatação de que naquilo que se fez até agora muito erro de perspectiva se cometeu, e que muitas sanguessugas e rémoras de interesses ilegítimos estiveram sempre disfarçadamente coladas a programas e acções vocacionadas para o desenvolvimento do país e do interior.

Também não dispensa uma análise fina e pormenorizada da situação actual e dos valores que defendemos para um território e suas comunidades de vida sustentáveis.

Como modelo de desenvolvimento, desde já dizemos que nos parece errado encarar as necessidades e lógicas de desenvolvimento sustentável do interior nos moldes em que foram e têm sido perspectivadas, guiadas por critérios que já abriram falência, designadamente as lógicas de desenvolvimento materialista e economicista, assente em lógicas do lucro e no consumismo, em vez de se atenderem às necessidades e valores essenciais à qualidade de vida das populações e comunidades locais.

Os sinais anunciados pelos decisores nacionais e locais em matéria de acções e projectos previstos para aproveitar os fundos comunitários do QREN são anunciadores de megalomanias, caprichos ou lógicas eleitoralistas nacionais e autárquicas que auguram repetidas oportunidades perdidas.

O interior, antes tudo, precisa de se afirmar como identificação territorial, cultural e social e apostar convictamente na valorização do seu património endógeno.

Porque, no passado, nesta matéria, fizeram-se pequenas e desacreditas acções de índole folclórica e sem investimento crítico e estruturante.

Nunca se apostou de forma séria em conservatórios de artes e ofícios tradicionais regionais. O artesanato e as artes e ofícios foram sempre vistos como pequenos animadores de feiras locais oportunistamente montadas para fins contrários aos legítimos interesses dos artesãos.

Os autarcas do interior, de um modo geral, têm praticado a política do cimento armado anárquico, ao sabor dos interesses alheios ao bem comum, e do centralismo urbano em detrimento das comunidades rurais.

Se perguntarem aos decisores locais o que entendem por desenvolvimento imaterial sustentável, vão rir-se na vossa cara!

JOÃO SERRA DOS REIS
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