Novos Povoadores®

Apoiamos a instalação de negócios em territórios rurais

A Busca Interior


São cada vez mais os que partem dos centros urbanos para o Interior. Procuram, não o ideal romântico de outros tempos, mas oportunidades de trabalho e de vida que as cidades lhes vão negando.

Ana Berliner foi das que trocaram Lisboa pelo Vale do Côa, terra que lhe vai servindo para cumprir o gosto pela conservação da natureza. Bióloga, é presidente da Associação Transumância e Natureza (ATN), actividade a que se vai dedicando como "hobby". A subsistência da família é assegurada pela exploração de uma casa de turismo rural.

É à frente dos destinos da ATN que Ana Berliner sente a solidão imposta por uma paixão que ainda não é valorizada pela sociedade em geral. "Temos falta de meios físicos e humanos", contou ao JN. "Enquanto há projectos, as coisas vão correndo bem... Mas os nossos meios são muito escassos". A carência é combatida pelos apoios que recebem de organizações internacionais. "Em Portugal, não recolhemos muitos apoios e não existe mecenato em projectos de conservação da natureza", lamenta a bióloga.

Os atrasos nos pagamentos do Ministério da Agricultura e o excesso de burocracia para passar à prática algumas das iniciativas, como o sempre adiado campo de alimento de aves necrófagas, desgastam e moem, exemplifica Ana Berliner. Mas não matam o gosto de quem deitou mãos e alma à dinamização de associações de desenvolvimento rural. O JN falou com vários jovens, actualmente à frente de projectos no Douro Internacional (ver página 3 e 4). A falta de apoios e o excesso de burocracia são queixas unanimente partilhadas.

Rui Rafael, do Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP) do Ministério da Agricultura, desmonta, no entanto, a ideia da insuficiência de apoios. No âmbito da aplicação dos fundos comunitários, a sociedade civil tem ao dispor uma dotação de 453 milhões de euros para aplicação em projectos que vão da diversificação da economia e criação de emprego, à melhoria qualidade de vida, implementação de estratégias de desenvolvimento local e para o funcionamento dos Grupo de Acção Local (GAL), explicou.

Até à data, adiantou, ainda, o técnico do GPP, foram criados 44 GAL, que cobrem 80% do território nacional. Estes gabinetes têm como tarefa a gestão da aplicação das verbas numa determinada área. "Sabemos por experiência que quem faz melhor o que é melhor para si é a comunidade local", explicou Rui Rafael, justificando, assim, a criação de unidades locais para a gestão dos fundos.

As associações podem submeter aos GAL os projectos que pretendem aplicar no terreno, sendo que têm que ter como filosofia subjacente a criação de investimento, emprego e competitividade, o que por si só não garante a resolução do problema da fixação de recursos humanos, sublinhou Rui Rafael.

Renato Carmo, investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), apesar de reconhecer a forte dependência das associações de desenvolvimento rural dos fundos comunitários, salienta a ausência de políticas públicas direccionadas para este tipo de dinâmicas. "Quando acabam os apoios não têm capacidade de continuidade", sublinhou o sociólogo, defendendo a criação políticas capazes de atrair pessoas ao Interior.

Gente que parte das cidades à procura de uma vida melhor, mas que partilha a intenção de preservar, valorizar e revitalizar o património rural das terras que a acolhe. Américo Tomé, vice-presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, embora reconheça a importância de receber forasteiros, mostra-se ciente das dificuldades. "Por cá, temos muito espaço para poucas pessoas", lamenta, consciente de que as oportunidades só vingam onde há gente.

in JN, Maria Cláudia Monteiro

Using Mind Maps for Knowledge Management

Gerir a Inovação para inovar a Gestão

Novas estratégias à volta de temas centrais para o futuro do País e da Europa estão em cima da mesa.
Francisco Jaime Quesado


Novas estratégias à volta de temas centrais para o futuro do País e da Europa estão em cima da mesa. Pensar a Inovação e Criatividade como factores centrais duma nova sustentabilidade em que a participação dos cidadãos se assume numa lógica colaborativa em rede justifica uma atenção muito especial aos novos factores estratégicos de competitividade que devem nortear qualquer actuação para o futuro. Não se pode conceber uma lógica de mudança na sociedade portuguesa se não se fizer da Inovação e Criatividade os "enablers" estratégicos duma nova atitude perante a participação individual em sociedade. O evento "Business Innovation" que traz a Portugal especialistas como Kjell Nordstrom, Henry Chesbrough e Peter Skarzinsky é um importante marco na discussão desta pretendida mudança de agenda.

A importância estratégica que a temática da Inovação e Criatividade assume justifica uma participação activa da sociedade civil na discussão dos caminhos que se têm que definir daqui para a frente. Há claramente um sentido de urgência no envolvimento dos "actores operacionais" (Estado, universidades, centros I&D, empresas) na abordagem estruturada das opções que estão em cima da mesa na definição dos investimentos a realizar. A vinda destes especialistas a Lisboa afigura-se neste contexto muito oportuna: a mensagem de mudança e de abertura a um novo compromisso que terão ocasião de deixar bem expressa será certamente um sinal de confiança para com os desafios que se colocam à economia e sociedade portuguesa nos próximos tempos.

Mudar a agenda para agendar a mudança é um desafio colectivo no qual a participação individual se configura como estrategicamente mais do que necessária. O objectivo de consolidação da Sociedade do Conhecimento em Portugal não se pode fazer por mero decreto e face à dimensão estratégica assumida pelos objectivos da sustentabilidade torna-se fundamental que o Estado, as universidades e os players empresariais na área das telecomunicações firmem um verdadeiro pacto estratégico sobre as parcerias a desenvolver para a implementação de plataformas em que os cidadãos se revelem nesta nova lógica participativa que cada vez mais é o Portugal 2.0.

A participação empreendedora da sociedade civil neste amplo movimento de reflexão estratégica sobre as novas temáticas para o futuro do país fecha o circuito. São boas as notícias que nos chegam quanto à oportunidade de afirmação da Plataforma Construir Ideias, na linha do capital de intervenção de prestigiados "Think tanks" como é o caso do Policy Network ou do Bruegel, entre outros. Também aqui a actualidade estratégica da temática energética veio ao de cima, corporizada na discussão profunda sobre as questões suscitadas pela opção do nuclear como fonte energética alternativa em Portugal. Trata-se duma matéria polémica e a sua abordagem torna-se fundamental para sustentar opções que se venham a fazer daqui para a frente.

A construção duma Sociedade da Inovação e Criatividade é um desafio complexo e transversal a todos os actores e exige um capital de compromisso colaborativo entre todos. Em 2009 Portugal é já claramente um país da linha da frente em matéria de infra-estruturas de última geração na área das telecomunicações e da produção de novas fontes de energia. Assumir o desafio duma perspectiva estratégica de aposta num novo modelo de economia sustentável, centrada na Inovação e Criatividade, implica por isso saber dar resposta às solicitações das várias frentes e acima de tudo tomar de forma consciente opções sobre qual as melhores soluções a adoptar para o futuro.

A Estratégia de Lisboa em que assenta o compromisso para o futuro de Portugal e da Europa é um processo em permanente renovação. Assumir o desafio das melhores opções para Portugal numa Europa indefinida e num mundo global complexo passa por saber discutir as questões que estão em cima da mesa. A Inovação define uma agenda que tem que ser "agarrada" com sentido de futuro. Por isso, os "diálogos" que a partir de agora se vão desenvolver um pouco pelo País vai são um sinal de resposta ao desafio. O primeiro passo é dado com o "Business Innovation" em Lisboa. Esperemos que os resultados correspondam às expectativas.


Gestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento

in Jornal de Negócios

O actual momento é de ouro!



NUNCA VI TANTA GENTE A QUESTIONAR-SE SOBRE A VALIDADE DOS SISTEMAS INSTITUÍDOS, muitos deles verdadeiros cancros à modernização e COMPETITIVIDADE do país que nos une.

Julgo que é consensual que reside no empreendedorismo a chave para a dinamização da economia. E neste domínio há muito para fazer.
Desde logo, EDUCAMOS OS NOSSOS FILHOS PARA SEREM FUNCIONÁRIOS, num modelo de trabalho que se esgotou na geração dos nossos pais. Os rendimentos sobre o trabalho dos nossos filhos vão variar directamente com a sua produtividade pelo que os modelos de "endividamento para toda a vida e depois dela" valem hoje o mesmo que os fundos Madoff.

Por outro lado, O ESTADO NÃO SABE LIDAR COM O EMPREENDEDORISMO: Sendo o maior cliente nacional, porque não promove a partilha de conhecimento através de equipas mistas e multidisciplinares com estruturas de comunicação actuais ao invés das tradicionais "comissões" que mais se assemelhavam a reuniões de condomínio?

Mas para tudo isto precisamos de uma estratégia forte. Precisamos de compreender a geografia dos clusters e NÃO SOFRER CONDICIONALISMOS para explorar as oportunidades emergentes.

Um exemplo:
Estive recentemente a oportunidade de participar numa conferência onde a maioria dos presentes já colabora em conjunto há mais de uma década. Tratava-se do sector turístico do Algarve. Foram aquelas pessoas que decidiram COLECTIVAMENTE que Portugal tinha condições para se afirmar como destino de golfe a NÍVEL GLOBAL.
Hoje, 35% dos turistas mundiais que praticam golfe indicam Portugal como destino de eleição. E esse resultado, que se traduz em receitas significativas na economia portuguesa, mais não é do que o resultado da união de empresários, políticos e investigadores num objectivo comum.
Por curiosidade, entende HOJE este grupo de trabalho que o TURISMO RESIDENCIAL pode ser uma nova oportunidade de afirmação do turismo de Portugal angariando NOVOS POVOADORES provenientes de economias mais abastadas que a nossa.

As Cidades mais Vazias da América



O seguinte texto é uma adaptação do artigo “America’s Emptiest Cities” de Zack O’Malley, da revista Forbes

«As Cidades mais Vazias da América

Durante décadas Las Vegas vibrou com nova construção e um desenvolvimento económico alucinante. Detroit, o centro da indústria americana, estagnou e enferrujou sob o seu próprio peso. Assim, Las Vegas e Detroit “disputam” o título de cidade mais abandonada da América. Atlanta surge em terceiro, seguido por Greensboro, N.C. e ainda por Dayton, no 6º posto.

Estes resultados surgem de uma combinação entre taxas de ocupação de casas alugadas e casas próprias realizada pela Forbes com valores obtidos no Census Bureau, em que o valor final é uma média dos dados acima observados, para as 75 maiores áreas metropolitanas dos Estados Unidos da América.

Cidades como Detroit e Dayton são vítimas do longo declínio industrial americano, já outras como Las Vegas e Orlando, são vítimas da recente quebra na procura de casa (existem 18.9 milhões de casas vagas nos EUA). Boston e New York estão na situação oposta,

Ainda assim, os bairros vazios estão-se a transformar num problema cada vez mais grave no país. A taxa de casas de aluguer livres a nível nacional está agora em 10.1%, acima de 9.6% de um ano atrás.

“Está uma confusão” diz o construtor Laurence Hallier de Vegas. “Agora, as coisas estão congeladas. Toda a gente está assustada.” Hallier, sabe-o por experiência. O seu complexo Panorama Towers era um sucesso no início, há três anos. O primeiro dos quatro arranha-céus residenciais planeados foi vendido em seis meses, o segundo, que abrira em 2007, vendeu em 12 semanas. Já a terceira torre, perto da data de conclusão no Outono passado, tinha apenas vendido 92% de suas unidades. Com a recessão apenas metade dos negócios foram concluídos. Hallier diz que demorará anos para vender o restante e o projecto para a quarta torre foi atrasado indefinidamente.

Enquanto os preços dos bens imobiliários subiram rapidamente durante o crescimento, os consumidores contraíram grandes empréstimos para comprar casas, partindo do principio que os valores iriam continuar a aumentar. Em vez disso os preços tiveram uma queda abrupta, em especial em lugares como Las Vegas, Florida e Phoenix, onde o crescimento do parque habitacional era grande. Muitos proprietários encontraram-se então de repente com o valor das propriedades longe do valor das hipotecas que realizaram. A situação em Las Vegas é bastante má mas em Detroit os problemas são muito mais profundos. O grande desenvolvimento industrial durante a primeira metade do século XX, a população de Detroit cresceu de 285.000 em 1900 a 990.000 em 1920, alcançando um pico de 1.8 milhões em 1950. Mas no começo dosanos 60, Detroit começou o declínio. A sua população é agora de 900.000 - metade do que era no meio do século - e muitos dos seus bairros deterioram-se rapidamente.

A maioria dos estudos responsabilizam o alargamento dos subúrbios, o outsorcing de trabalhos fabris e os programas federais que dizem agravar a situação criando uma cultura do desemprego e de dependência.

Contudo após mais do que meio século, ainda ninguém foi capaz de encontrar uma solução para recuperar Detroit.

Las Vegas sofrerá eventualmente o mesmo destino?»

Daniel Tiago via 5ª Cidade

INTERIORIDADES: ENTRE MITOS E REALIDADES


A palavra em si, “interioridades”, possui densas conotações psicanalíticas e intimistas, geográficas e etnográficas, e, ultimamente, tem vindo mesmo a tomar contornos míticos que urge reposicionar, sob pena deste termo servir de “pau para toda a colher” nas teses políticas de sinal contrário, e confundir a cidadania sobre as prementes questões territoriais, demográficas, sociais, económicas, sanitárias, educacionais, ambientais, culturais, políticas e administrativas, que impendem sobre o que comummente se denomina hoje por “questão da interioridade”.

Sobre esta questão, no actual contexto, e porque de questão se trata, enunciemos com pertinência os principais dados do problema, do nosso ponto de vista, e, como ponto de vista.

Primeiro, este debate não dispensa uma análise desmistificadora das ideologias dominantes em matéria de desenvolvimento, e daquilo que não feito e porque o não foi, como daquilo que foi feito e de que modo o foi.

Esta necessidade assenta na constatação de que naquilo que se fez até agora muito erro de perspectiva se cometeu, e que muitas sanguessugas e rémoras de interesses ilegítimos estiveram sempre disfarçadamente coladas a programas e acções vocacionadas para o desenvolvimento do país e do interior.

Também não dispensa uma análise fina e pormenorizada da situação actual e dos valores que defendemos para um território e suas comunidades de vida sustentáveis.

Como modelo de desenvolvimento, desde já dizemos que nos parece errado encarar as necessidades e lógicas de desenvolvimento sustentável do interior nos moldes em que foram e têm sido perspectivadas, guiadas por critérios que já abriram falência, designadamente as lógicas de desenvolvimento materialista e economicista, assente em lógicas do lucro e no consumismo, em vez de se atenderem às necessidades e valores essenciais à qualidade de vida das populações e comunidades locais.

Os sinais anunciados pelos decisores nacionais e locais em matéria de acções e projectos previstos para aproveitar os fundos comunitários do QREN são anunciadores de megalomanias, caprichos ou lógicas eleitoralistas nacionais e autárquicas que auguram repetidas oportunidades perdidas.

O interior, antes tudo, precisa de se afirmar como identificação territorial, cultural e social e apostar convictamente na valorização do seu património endógeno.

Porque, no passado, nesta matéria, fizeram-se pequenas e desacreditas acções de índole folclórica e sem investimento crítico e estruturante.

Nunca se apostou de forma séria em conservatórios de artes e ofícios tradicionais regionais. O artesanato e as artes e ofícios foram sempre vistos como pequenos animadores de feiras locais oportunistamente montadas para fins contrários aos legítimos interesses dos artesãos.

Os autarcas do interior, de um modo geral, têm praticado a política do cimento armado anárquico, ao sabor dos interesses alheios ao bem comum, e do centralismo urbano em detrimento das comunidades rurais.

Se perguntarem aos decisores locais o que entendem por desenvolvimento imaterial sustentável, vão rir-se na vossa cara!

JOÃO SERRA DOS REIS

Don Tapscott em Lisboa (CCB)

Don Tapscott - co-autor do best seller WIKINOMICS - vem a Lisboa no âmbito da conferência de Abertura do Ano Europeu da Criatividade e Inovação.

A abertura oficial do Ano Europeu da Criatividade e Inovação em Portugal decorrerá no dia 3 de Fevereiro, no Centro Cultural de Belém, sala Luís de Freitas Branco, em Lisboa.

11h00 ‐ Sessão de Abertura
Carlos Zorrinho ‐ Coordenador Nacional do AECI
Representante da Comissão Europeia
11h45 ‐ Don Tapscott ‐ “Governação 2.0: Como a geração Internet está a mudar a
governação, a inovação e a democracia”
12h45‐ Almoço
14h30 – Workshop: Aplicações da Criatividade e da Inovação
Dinamização: Arminda Neves (Coordenadora Adjunta da Estratégia de Lisboa), Alexandra Sá Carvalho
(Representação da Comissão Europeia em Portugal)
1ª parte: Aprender, Inventar Imaginar, Cooperar
Leonel Moura – Artista plástico, Representante Português no lançamento do Ano Europeu da Criatividade e
Inovação – “ A nova cultura do Séc XXI”
Dulce Maria Santa Marta Soure – Directora da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro – “A criatividade na
aprendizagem”
Elvira Fortunato – Directora do CENIMAT ‐ Centro de Investigação em Materiais da FCT/ UNL , Laboratório
Associado I3N – Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação ‐ “O Papel do Futuro”
Teresa Ricou – Directora do Chapitô – “As artes e as novas tecnologias – uma boa conjunção no combate à
exclusão”
Manuel Brandão Alves – Professor Catedrático no ISEG “O microcrédito: Uma experiência económica e
socialmente Inovadora”
Debate
16h00‐ 16h15 – Pausa café
2ª parte: Comunicar, Criar, Realizar, Viver
Augusto Mateus, Professor no ISEG ‐ “ Cultura, criatividade, competitividade”
Nuno Gaioso Ribeiro, Presidente N‐Partner – “Capital de risco e as indústrias criativas”
Jorge Cerveira Pinto – Agência INOVA – “Arte, cultura e indústrias criativas: Uma realidade de valor,
sustentabilidade e desenvolvimento”
António Câmara – Ydreams – “Realizar nas empresas do futuro”
António Cunha, Presidente da Escola de Engenharia da Universidade do Minho e Júlio Mendes, Verador na Câmara
Municipal de Guimarães – “Guimarães: O futuro tem um coração antigo”
Debate
17h30 Encerramento: Conclusões e Perspectivas

Mais informações em Criar2009

Estrangeiros que escolhem Portugal para viver!


Norman Brenninkmeijer gosta de visitar a loja da C&A no CascaiShopping. Quem lá trabalha já se habituou às suas incursões periódicas, mas poucos imaginam que aquele que conhecem como "o gerente" é, afinal, o poderoso multimilionário holandês que detém e gere os activos globais do grupo C&A.

A fortuna da família Brenninkmeijer é a maior da Holanda e equivale a cerca de oito vezes a riqueza de Belmiro de Azevedo.

Ascende a qualquer coisa como 15 mil milhões de euros, tendo agigantado 20,2% em 2005, segundo a revista Quote. Muito reservado e avesso a entrevistas, Norman Brenninkmeijer escolheu Portugal para viver e Alcabideche para morar. Daí a sua proximidade à loja de Cascais, um dos 25 estabelecimentos que o grupo explora no país.

O gestor pertence à quinta geração da família holandesa que fundou o terceiro maior grupo de retalho europeu, no longínquo ano de 1861. Como muitos estrangeiros que residem em Portugal, Brenninkmeijer mantém-se em contacto com a comunidade local dos seus conterrâneos, que se apaixonaram pelo país onde vivem e elogiam o clima, a tradição, a segurança e a simpatia dos portugueses. "O maior desafio que enfrentam, para além da aprendizagem da língua, é terem de conviver com as grandes burocracias e alguma falta de disciplina em termos de horários e compromissos", alerta Eduarda Luna Pais, managing partner da consultora Egon Zehnder.

"Mas a evidência de que essas dificuldades acabam por ser vencidas é que muitos gestores decidem permanecer em Portugal. Nalguns casos, quando se reformam, continuam a exercer funções não executivas no país." Guilhermina Vaz Monteiro, managing partner da consultora Horton International, diz que o que leva estes responsáveis de topo a ficar em Portugal é, do lado profissional, a qualidade dos recursos humanos e a sua capacidade de improvisação estratégica e organizacional e, do lado pessoal, a boa gastronomia e o casamento que, por vezes, acontece com cidadãos locais. "O mar, o peixe ao sal, o arroz de marisco, as pataniscas e o cheiro do café expresso são tão poderosos quanto o sol, que aqui alimenta a alma", ironiza.

Charme natural
Lars Bo Hansen, 44 anos, nasceu na Dinamarca, é casado com uma norueguesa, vive na zona do Farol da Guia, em Cascais, e tem dois filhos portugueses. Dirige as operações das Pousadas de Portugal, do grupo Pestana, mas confessa ter aceite o cargo "sem grande conhecimento prévio do negócio, antes da privatização". Teve apenas dez dias para visitar 40 pousadas e ficou impressionado.

Sentiu mesmo que havia injustiça na avaliação do produto turístico. "Cada pousada era como a mais bonita boneca da loja, mas tinha um risco na cara. Esse detalhe feio era a rentabilidade." O gestor estudou na África do Sul, onde chegou com 7 anos, acompanhado pelo pai que era electricista na indústria de construção naval. Formou-se numa escola de hotelaria e quando deixou o país, aos 22 anos já tinha experiência de direcção de compras no Royal Hotel, de cinco estrelas, em Durban. Regressou à Dinamarca, onde encontrou muito desemprego, e aceitou trabalhar como porteiro da noite no Plaza Hotel da cadeia Sheraton, em Copenhaga.
"Agarrei-me à primeira oportunidade na hotelaria europeia. Mas a gestão percebeu que eu tinha outras competências e ofereceu-me a posição de gerente financeiro no departamento de alimentos e bebidas do Sheraton, de Oslo, na Noruega". A experiência durou dois anos, até 1986.

Os profissionais de hotelaria têm agentes que os promovem e identificam oportunidades de carreira. O agente britânico de Lars Bo Hansen sugeriu-lhe a Madeira porque Joe Berardo e Horácio Roque tinham acabado de comprar o grupo Savoy e queriam reformular os produtos turísticos.
"Foi o meu primeiro contacto com a língua portuguesa. Fiquei dois anos e desenvolvi a área de alimentos e bebidas, mas queria outras experiências. De Portugal conhecia apenas Lisboa, Setúbal e Algarve." Partiu então para projectos de turismo de outros grupos nas Caraíbas, na China e, de novo, na África do Sul depois do apartheid.

Mas acabou por regressar ao Savoy como director-geral, para liderar a expansão da oferta resort, experiência que durou cinco anos, até surgir o convite do grupo Pestana.
Hoje sente-se privilegiado em dirigir as Pousadas de Portugal, que o aproximam da história, da cultura e da gastronomia, temperadas pelo clima, segurança e campos de golfe que não se cansa de elogiar, a par de tradições como "a valorização do campo e o almoço familiar ao domingo, que ainda não se perdeu, ao contrário do que acontece na Escandinávia".

Estas vertentes do país têm charme natural e são únicas no mundo. "As good as it gets", afirma Lars Bo Hansen, num raro desvio ao seu português com ligeiro sotaque madeirense. Visita a Dinamarca uma vez por ano e continua em contacto com o seu agente britânico. Mas sublinha que é em Portugal que vive melhor, ao fim de tantos destinos turísticos percorridos profissionalmente.

Deixar obra feita
Para os gestores estrangeiros a possibilidade de liderarem projectos em subsidiárias de países pequenos é frequentemente estimulante porque as suas decisões podem deixar um cunho pessoal. Gerd Boehmer, 60 anos, administrador-delegado da Victoria Seguros, conduziu a construção da nova sede do grupo na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e liderou o processo de transformação das agências gerais em sociedades anónimas. Diz que se orgulha dessa obra, que não poderia ter dirigido num mercado maior. Este gestor nasceu na Alemanha Ocidental, estudou Matemática Aplicada e programou software na NASA, nos Estados Unidos, e fez ainda carreira académica na Venezuela, durante dois anos.

Chegou a Portugal em 1982. Na altura era muito raro encontrar fora da Alemanha gestores oriundos da casa-mãe Victoria. Gerd Boehmer era a excepção, que se justificava pela precaução exigida num pequeno mercado em crise económica. Submeteu--se à prova de um país que não conhecia.

"Encontrei um sistema económico que se comparava ao da Alemanha do Leste, mas aqui as pessoas podiam exprimir livremente a sua opinião e entrar e sair do país sem grande dificuldade. Lembro-me de como era chocante comprar coisas bonitas e de qualidade noutros países, com etiqueta portuguesa, mas que não estavam disponíveis no mercado interno." Boehmer radicou-se em Portugal acompanhado pela sua mulher, de nacionalidade alemã, que seguiu a carreira de enfermagem, e de quem teve dois filhos que falam português. "Criei laços de amizade, dentro e fora da empresa, e nos torneios de golfe. E isto conta, na decisão de ficar." Contudo, o gestor queixa-se da excessiva intervenção do Estado na economia e diz que gostaria de ver mais justiça fiscal. "Nos seguros o Estado é árbitro através da entidade de supervisão, mas é também uma empresa estatal que domina o mercado e assume o papel de maior jogador." O nosso país deu a oportunidade a Urs Mahler, 61 anos, de desenvolver um projecto próprio na área farmacêutica, a Kiron, após ter liderado a sucursal nacional da Ciba-Geigy, actual Novartis. Este gestor nasceu em Zurique, mas tem nacionalidade portuguesa "por razões emocionais".

Trabalhou na Suíça, Venezuela e Espanha antes de se ter instalado em Portugal, em 1979, para conduzir o processo de aquisição do laboratório Normal. Aceitou o convite da casa-mãe para ficar radicado no país porque, nessa altura, já conhecia Cascais.
Comprou aí um apartamento que partilhou com a sua esposa portuguesa nos últimos 27 anos. Ainda se lembra do dia em que estreou o espaço. "A mudança estava concluída, mas tive de levar o meu televisor a uma loja de reparações. Disse ao técnico que havia qualquer coisa de errado porque a imagem estava a preto e branco, e só recebia dois canais. Naquela época a televisão portuguesa ainda era assim", recorda, com a imagem nítida na memória de um país onde encontrou muito por fazer.

Carreiras em países pequenos
Nos anos 80 as multinacionais promoviam a carreira em países pequenos, e atribuíam depois responsabilidades em mercados maiores se a operação corresse bem. Urs Mahler não quis sair de Portugal porque sempre gostou da sua equipa local, tendo levado colegas da Novartis para o novo projecto, a Kiron, que abraçou em 1997. Esta farmacêutica factura hoje cerca de 8 milhões de euros em formação, coaching, promoção e distribuição de produtos de diversos laboratórios.

As ligações que o gestor estabeleceu com amigos portugueses levaram-no a fundar um clube de todo-o-terreno que realiza seis encontros por ano "para descobrir a paisagem portuguesa". Também fez um curso de pilotagem de aviões e, até conquistar o brevet, desenvolveu a prática da língua portuguesa.

A aproximação dos gestores estrangeiros a Portugal nem sempre foi planeada. Para Denis Coubronne, 43 anos, general manager da PrimeDrinks, empresa distribuidora de marcas como Herdade do Esporão, Caves Aliança, Quinta da Aveleda, Grant's, Absolut Vodka e Pisang Ambon, o primeiro contacto com Lisboa nasceu de uma decisão burocrática no seu país de origem, a França. Quando tinha 22 anos escolheu prestar serviço civil numa embaixada, em alternativa ao serviço militar. Calhou-lhe Portugal. Trocou a bonita região vinícola e de castelos do Loire pelo alojamento durante um mês no hotel de charme York House, em Lisboa, em 1986. "O país estava a abrir-se à CEE e a despertar para o grande consumo. Não havia hipermercados, nem auto-estrada a ligar Lisboa e Porto. Marcou-me o cheiro do café na rua.

veitei para sair à noite no Bairro Alto e também descobri o Alentejo." Foi uma atracção fatal, a que se juntou o namoro com uma portuguesa, sua actual mulher.
Sabia que queria ficar no país e encontrou na Danone uma oportunidade de carreira.

Acompanhou a força de vendas do grupo francês, então designado por BSN, que estava a lançar a cerveja Kronenbourg através do importador Caves Aliança. Na gestão pôs a descoberto o contraste entre o rigor, transparência e união social da Europa Central, e a emoção, criatividade e individualismo do Sul.
Em 1993 aceitou o convite da Caves Aliança para ser brand manager de marcas importadas, e casou no ano seguinte. Em 2001 assumiu a direcção-geral e a designação da empresa acabou por mudar para PrimeDrinks, após a entrada no capital da Herdade do Esporão.

Morou num prédio pombalino da Praça de São Paulo, "uma zona que não é decente" segundo os seus colaboradores. Gosta de teatro e de arte, mas lamenta que a capital esteja a perder qualidade de vida e tenha dado lugar à construção em excesso, em vez da reabilitação de edifícios. "Portugal teve um desenvolvimento pouco estruturado.

As grandes cidades precipitaram-se no consumo e arriscam-se a perder a alma.
Não podemos perder o que é mais bonito, o que vai atrair turismo", lamenta. "Lisboa esvaziou-se. Morreu o comércio de rua. As pessoas estão apressadas, não se encontram, vivem em condomínios fechados. À noite não há luz nas janelas."

Rendeu-se ao condomínio
Este desencanto com a capital levou à sua mudança de residência para o Monte do Estoril, em Julho de 2006. "Estava farto de não ver melhorias, em mais de dez anos. A falta de qualidade em prédios antigos, no centro de Lisboa, é tão evidente que não tive outra opção. Agora estou num condomínio fechado, imitei os portugueses."

Graham Dewar, 64 anos, também não conduziu o seu destino na aproximação a Portugal. Foi a multinacional Johnson & Johnson que escolheu por si, após dez anos na filial da sua terra natal, a África do Sul, e a força de duas licenciaturas em Engenharia Química e em Gestão. Em 1981 iniciou uma carreira internacional para dirigir a sucursal em Lisboa. "Senti que Portugal entrava na modernidade. Acreditei que essa transição teria um desfecho positivo.

O país era uma jóia, com gente boa. E o clima para desenvolver negócios estava a melhorar." Viveu sete anos no país e mudou para a sede da multinacional em Nova Jérsia, Estados Unidos, mas queria voltar a Lisboa. "Tinha casado com uma mulher portuguesa. Ficara com grande atracção por Portugal. Sentia saudades de praticar vela no Estoril e na praia Del'Rey".

A Celulose do Caima, actual Altri, e, em 2002, a Central de Cervejas, deram-lhe posições de CEO e a possibilidade de radicar-se. Hoje, como gestor da sua consultora Task Management, aponta as dificuldades "do sistema legal, que necessita de modernizações". Mas, ainda assim, garante que vale a pena viver e fazer negócios em Portugal.

http://www.exame.pt/carreiras/html/daquinaosaio.html

José Maria Prazeres Pós-de-Mina nomeado pela revista OneWorld


The mayor of one of Portugal's smallest and poorest municipalities has launched one of the largest green business initiatives in the world, and now he's spearheading an eight-country project to create communities run entirely on renewable energy.

Artigo completo sobre a nomeação das personalidades do ano pela revista ambientalista OneWorld

Viver na Cidade ou no Campo?!


Professor catedrático na Universidade do Minho, José Mendes tem estudado a dinâmica das cidades e o ordenamento do território. Em 1999 publicou o estudo 'Onde viver em Portugal - uma análise de qualidade de vida nas capitais de distrito'. À GINGKO sistematizou as vantagens e desvantagens da vida nos grandes centros e nos meios mais pequenos. Solução? Desenvolver as cidades médias.

GINGKO - Depois do êxodo rural, há quem fuja dos grandes centros. É possível conciliar a cidade e o campo?

José Mendes - A questão campo versus cidade é hoje mais pertinente do que nunca. Avanços recentes no domínio das comunicações e da desmaterialização das actividades permitem alimentar a ideia de que é possível a qualquer um manter-se profissionalmente activo e integrado e, simultaneamente, viver fora dos meios congestionados das grandes urbes. Isto é verdade e... não é verdade.

G - O que distingue os dois meios?

JG - Num extremo estão as grandes cidades onde tudo acontece: os negócios, as oportunidades, os eventos, a cultura, o entretenimento, as melhores escolas. E também o congestionamento, o tráfego, a poluição, e a habitação mais cara. No outro extremo está o campo onde nada acontece: nem negócios, nem oportunidades, nem eventos, nem cultura, nem entretenimento, nem boas escolas. E também não há congestionamento, nem tráfego nem poluição, e a habitação é mais barata.

G - Onde se vive melhor?

JG - Depende do conceito de qualidade de vida. Se os almoços de negócios e as peças de teatro estão na rota da minha qualidade de vida, então quero estar na grande cidade. Se acho que as horas desperdiçadas em filas de tráfego ou o ruído ensurdecedor das ruas carregadas de tráfego arruínam a minha qualidade de vida, então quero viver na tranquilidade do campo. Mas, se preciso de almoços de negócios e também não quero estar horas dentro do automóvel em filas infindáveis? Bom, aí a questão não é líquida.

G - Qual a solução?

JG - A solução ideal seria que as grandes cidades funcionassem de forma mais sustentável, com bons transportes públicos, muitos parques, esquemas de acalmia de tráfego, pistas cicláveis, regras de controlo de poluição e ruído. Ou ter áreas rurais com boa acessibilidade, boas escolas, banda larga e eventos culturais. Isso é possível? Talvez. Cidades como Viena, Copenhaga ou Sydney deram passos importantes nesse sentido. Áreas rurais de alguns países nórdicos também evoluíram favoravelmente. Nem umas nem outras fazem o pleno. No balanço da contabilização da qualidade de vida, as cidades, mesmo as megacidades, continuam a levar vantagem. Isto porque o Homem é uma espécie com comportamentos e necessidades marcadamente sociais, que vive e se realiza através da interacção, do movimento, da riqueza e da sinergia que resulta da concentração de pessoas e de actividades. O campo pode ser tranquilizador e ter o rótulo de inspirador, mas é na cidade que nasce a criatividade, que se forjam os artistas e as obras que referenciam a nossa existência.

G - Portanto, o melhor é viver em cidades?

JG - Apesar de tudo, mesmo com as cidades a levar vantagem enquanto destino da nossa felicidade e garante da nossa qualidade de vida, a poluição e as filas de trânsito continuam lá. E ninguém gosta delas. Enquanto não temos cidades ideais, se é que algum dia existirão, a solução mais equilibrada é viver nas cidades médias. Têm hoje muito do que se encontra de bom nas grandes cidades e pouco do que se encontra de mau nessas mesmas cidades. Os recursos virtuais, a banda larga na cidade média, colmatam muito do que um profissional activo e cidadão exigente precisa para se realizar.

G - E onde se vive melhor em Portugal?

JG - Nas cidades médias. Temos cidades médias? Sim e não. Sim porque existe Braga, Coimbra e Aveiro, com elevadíssimo potencial, apenas parcialmente realizado. Não porque não há uma política de cidades médias em Portugal, o que faz com que as três referidas estejam muito aquém do potencial que encerram, e que outras como Évora e Faro simplesmente não descolem. E porque é precisa uma política de cidades médias em Portugal? Porque é a melhor solução para o país e, sobretudo, para Lisboa e Porto. É nas cidades médias que reside boa parte do nosso futuro. Que lufada de ar fresco seria para este país, se nas eleições autárquicas de 2009 os candidatos deixassem na gaveta os planos de mais infra-estruturas e apresentassem visões e propostas centrados na qualidade de vida e na competitividade das suas cidades.

in Gingko
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