Novos Povoadores®

Apoiamos a instalação de negócios em territórios rurais

Sabores transmontanos à sua mesa!

Luís e Patrícia partiram de Braga para Alfândega da Fé, onde têm familia.
Assim concretizaram o objectivo de alterar o ritmo das suas vidas, no momento em que passaram a ser pais.

Com esta migração, abraçaram outro designio: colocar à mesa dos portugueses os produtos tradicionais transmontanos.
Os seus conhecimentos sobre as pequenas indústrias da região permitem-lhes identificar os produtos que o solo transmontado viu nascer, cumprindo a sua identidade.


Com o portal Monte Mel, pretendem aplicar aos negócios ancestrais ferramentas actuais.

Promovem os pequenos produtores transmontanos, preenchendo uma lacuna no mercado, após a estagnação do comércio tradicional. Procuram contrariar a desactivação de pequenas unidades produtivas, que têm vindo a perder facturação nas últimas décadas.

"Em Abril, Alheiras Mil" é o mote da actual campanha de promoção do portal Monte Mel.

Broadband 'can be an engine for economic growth in Europe'

The Mobile World Congress (MWC) 2012 took place in Barcelona from 27 February to 1 March with the participation of global leaders in the world of telecommunications.
The event coincided with the decisions on roaming and data roaming charges in the European Parliament, considerations of the future investment in internet technologies and debates on the Anti-counterfeiting Trade Agreement (ACTA), each with its own policy ramifications on the telecoms industry.

Despite the positive global trends linking broadband technology to GDP growth, speakers at the MWC pointed out that Europe remains the only continent where telecommunications business is running at a loss. The European Commission has dedicated €9.2 billion to co-finance transition from copper to fibre-based cable telecoms and internet networks in October 2011.
Indonesian Telecoms Minister Tifatul Sembiring stressed at the broadband forum organised by leading global information and communications technology solutions provider Huawei that growth in broadband was central to economic growth of 6.5% that the country experienced in the past year.

The importance of the broadband internet as an engine for the economic growth was pointed out by Huawei Vice Director Richard Brennan who told New Europe that the technology could improve various aspects of life, including education, healthcare and the way businesses operate.
One of the creative solutions presented at the eve of MWC is improvement in machine-to-machine (M2M) technologies presented by Huawei that allow both wireless and wired systems to communicate with other devices, providing an interface for consumers and developers to implement ideas and services as applications on the cloud rather without unnecessary worries about the infrastructure set-up and maintenance.

The future IPv6 technology, championed by Huawei, would allow for every appliance to be connected to the network, fetch data from it and report its position and other information. Application of such technology in healthcare could provide timely and accurate treatment while lowering costs.
Many companies around the globe already benefited from using Huawei's cloud technologies, but creation of a wider open-access data network, based on the fibre broadband which would serve as a backhaul available to users, could provide a boost to invention-based economy and creative businesses.
The World Bank estimates that a 10% increase in broadband penetration can potentially translate into 1.3% GDP growth, with comparative studies in countries which committed to national broadband commitments confirming this trend.

in New Europe

TVI 24: O projecto Novos Povoadores



A 25 de Fevereiro, o Portugal Português teve como tema principal «Novos Povoadores»: um projecto que tem como principal objectivo repovoar o interior do país.
Os Novos Povoadores apoiam quem quer mudar de vida, quem decide largar as grandes cidades e rumar para concelhos mais rurais. Até agora cerca de 600 famílias já se inscreveram, mas o projecto tem tido muitos avanços e recuos.
A primeira família mudou-se agora para Alfândega da Fé. O Portugal Português mostrou outros casos de famílias que decidiram arriscar e viver com mais qualidade.
Em estúdio, a jornalista Paula Magalhães, contou com a presença de Frederico Lucas, responsável pelo projecto Novos Povoadores e Luís Guimarães, membro da primeira família a mudar-se para o interior. Porque o que se passa em qualquer lugar deste país interessa a Portugal.

In TVI24

Negócios rurais a crescer

António Afonso, André Vaz e Marco Domingues arriscaram onde quase ninguém ousa fazê-lo: no interior do país. A falta de mercado de trabalho local tem criado novas oportunidades para quem não quer ir atrás do "sonho do litoral".

André Vaz é um apaixonado por abelhas. A licenciatura em educação física e a especialização em animação social não chegaram para que se sentisse realizado. Foram precisos 320 enxames para começar a pensar em deixar o trabalho por conta de outrem para se dedicar exclusivamente à Apidolce. 

Por enquanto, vai mantendo a sua actividade na Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros e na Casa da Misericórdia, mas o objectivo é o de viver apenas da apicultura. "O projecto é recente, mas o gosto vem de há muito. O meu avô e o meu pai eram apicultores, mas tiveram que deixar de ter abelhas por motivos pessoais. Em 2003, comecei a fazer da apicultura um 'hobby' e seis anos depois iniciei o meu projecto empresarial", conta.

O rosto por trás da Apidolce foi um dos vencedores da edição de 2010 do Prémio EDP Empreendedor Sustentável, cujo objectivo é o de criar um contexto favorável à criação de auto-emprego em regiões onde a ausência de mercado de trabalho é uma das principais preocupações.

António Afonso também viu o seu "Reino Maravilhoso" ser distinguido com o primeiro prémio, depois de vários anos ligados à docência e ao turismo. Recentemente, terminaram várias jornadas municipais de empreendedorismo, organizadas para lançar a segunda edição e, sobretudo, para provocar o encontro de instituições ligadas ao desenvolvimento ou gestão da região, com actuais e futuros empreendedores. No total, houve mais 500 participantes.

"Este prémio nasce da visão da EDP para a região onde estão a ser construídas barragens: se produzir energia a partir da água é bom para o país inteiro, então os primeiros portugueses a beneficiar com isso devem ser os que lá vivem", explica Sérgio Figueiredo, administrador-delegado da Fundação EDP. O ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa promoveu um inquérito sociológico às populações de Trás-os-Montes e Alto Douro, para identificar quais eram as suas prioridades. As respostas foram claras: o povo transmontano quer que o investimento que está a ser feito na região crie oportunidades de emprego. "E nós achamos que isso é crucial para fixar pessoas naquele território, que é provavelmente o maior drama com que o interior do país se confronta", acrescenta.

A EDP entendeu que poderia ir além do emprego, directo e indirecto, gerado pelas obras de construção e criou o "Programa Empreendedor Sustentável", uma de várias iniciativas em curso. Objectivo: que a região adquira competências e capacitação para o auto-emprego e lançamento de pequenos negócios. "Dadas as dificuldades da economia portuguesa, com taxas de desemprego elevadas, a capacitação e desenvolvimento de uma cultura para o empreendedorismo é absolutamente necessária", revela. Sérgio Figueiredo adianta que este programa desafia as pessoas a "pensar fora da caixa". "A EDP apoia gratuitamente empreendedores locais, através de serviços de consultoria e formação, elaboração de plano de negócios e apoio ao processo de financiamento."

Além desta iniciativa, a Fundação EDP desenvolveu outra, a "EDP Solidária Barragens", que visa apoiar a inclusão social e a melhoria das condições de vida dos mais carenciados. A Fundação conseguiu encontrar projectos empreendedores com uma vertente social associada, como o CSS - Comércio Solidário e Sustentável, de Marco Domingues, que venceu o primeiro prémio. Mas tudo isto não chega.

André Vaz gostaria que os municípios pudessem dar mais apoio técnico a quem quer criar o seu próprio negócio ou revitalizar o emprego. "As pessoas têm vontade e mercado, não têm é argumentos válidos para ir buscar o financiamento. Penso que isto resolveria o problema dos jovens no geral", afirma. Ao trabalhar na área social, o apicultor tem contacto com uma das actividades que a autarquia desenvolve, o "Empreendedorismo e Capacitação de Agentes".
"Vejo que há bastantes jovens a tentar criar o seu emprego e a fugir à falta de empregabilidade da região. Muitas vezes, este empreendedorismo é fora da área de formação, tal como me aconteceu a mim." O principal obstáculo é o financiamento, seja por falta de capitais próprios ou de abertura das instituições bancárias. "A vontade existe e a procura também." António Afonso concorda. O recém-empresário afirma que a região transmontana tem muita gente a querer empreender e que o Governo devia apostar no interior do país.

Cinco dicas para promover o negócio local
1. Constituição de "working labs" e espaços de "co-working"

Estes "laboratórios de trabalho" e espaços para a partilha de negócios devem estar centrados no município e envolver a autarquia, que é, invariavelmente, a maior entidade empregadora e o principal dínamo do mercado de trabalho local. Os espaços permitem integrar conhecimento e parcerias entre desempregados, freelancers, empresários, mentores e universitários. O objectivo é criar um sistema em rede, com condições para incubação de empreendedores e empresas.

2. Ligar pequenos negócios a grandes investimentos

A construção de um empreendimento hidroeléctrico ou de uma obra pública de grandes dimensões gera oportunidades favoráveis ao nascimento de pequenos negócios. Os empresários devem promover encontros com as PME das regiões onde vão construir novas obras, para reduzir a desvantagem de acesso à informação que existe face a grandes fornecedores nacionais. Este efeito de alavancagem pode ser produzido da mesma forma nos processos de internacionalização.

3. De "freelancer" a pequeno empresário

Existem várias profissões que devem ser expandidas com formação, capacitação e "marketing" social, como o agricultor, pedreiro, canalizador ou carpinteiro. Devem ser dinamizadas, porque fazem falta, sobretudo em regiões onde há uma grande migração de habitantes. Um pequeno empresário promove o emprego e combate o êxodo rural. Os empresários devem estimular contratação de horas, em vez de contratar a pessoa. Os Centros de Emprego devem avançar com experiências-piloto, semelhantes aos mecanismos de "mercado" praticados por empresas de trabalho temporário, que permita orientar um desempregado para um trabalhador por conta própria.

4. Atrair jovens casais

A emigração para as cidades junto ao litoral não pode ser a única saída possível para os jovens desempregados do interior. As autarquias devem facilitar a instalação de casais jovens nos seus concelhos, para que possam aproveitar oportunidades como o programa de Empreendedor Sustentável e o Movimento de Novos Povoadores, que já permitiu a instalação de dois jovens casais.

5. Desenvolvimento de uma ideia de "serviço cívico nacional voluntário"

Esta ideia deve constituir uma ferramenta que que permita combater o isolamento do desempregado, em serviços de apoio domiciliário, por exemplo, utilizando espaços, cozinhas ou lavandarias já existentes.
in Negócios, Ana Pimentel

Associação Leque em Alfândega da Fé



O projecto Novos Povoadores está a apoiar a transferência de famílias para Alfândega da Fé.
Neste território, a Associação Leque desenvolve actividades para pessoas com necessidades especiais (Deficiência/incapacidade).
Mais informações em leque.org

Novo Parque de Ciência vai ter laboratórios para apoiar empresas




O Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo, previsto “nascer” em Évora, no próximo ano, vai agregar laboratórios para apoiar empresas em várias vertentes, como energias renováveis, ambiente e clima, agro-alimentares, protótipos e mecatrónica ou informática.

“Vários laboratórios vão ser instalados no parque para prestarem serviços a empresas, por exemplo no estudo de materiais e construção de protótipos”, adiantou hoje Manuel Cancela d'Abreu, vice-reitor da Universidade de Évora. O responsável explicou ainda que o espaço, assim como todo o Sistema Regional de Transferência de Tecnologia (SRTT) em que está integrado, num projecto para ser implementado no Alentejo e na Lezíria do Tejo, vai abranger várias vertentes de actuação.

“Uma delas, muito importante, é a das indústrias e empresas agro-alimentares. Outras são as energias renováveis, a mecatrónica e protótipos, as indústrias ligadas ao ambiente e ao clima e a informática”, revelou. A ideia é que existam laboratórios e outras estruturas de investigação que promovam a transferência de tecnologia da Universidade de Évora e dos institutos superiores politécnicos de Beja, Portalegre e Santarém para as empresas da região.

“O Parque de Ciência e Tecnologia e o SRTT são importantíssimos porque, hoje em dia, as empresas e as regiões desenvolvem-se e conseguem criar emprego através da inovação, pelo que é fundamental o trabalho em conjunto com as instituições de ensino superior e de investigação”, frisou.

O SRTT vai ser criado por um consórcio de 21 parceiros e prevê um investimento global de quase 42 milhões de euros, dos quais cerca de 30 milhões (70 por cento) são apoios comunitários, através do Programa Operacional InAlentejo.

Uma das vertentes mais importantes do SRTT, que também engloba incubadoras de empresas em vários pontos da região, é o Parque de Ciência e Tecnologia que, no próximo ano, vai ser construído em Évora.

A sociedade gestora do parque, que vai também coordenar todo o SRTT, é constituída formalmente quarta-feira, na Universidade de Évora, com a assinatura da escritura. O capital da sociedade é de 575 mil euros, detido maioritariamente (quase 76 por cento) pela Universidade de Évora, seguindo-se o Banco Espírito Santo e a empresa Glintt, que actua em várias áreas, nomeadamente a informática e as energias renováveis.

Os restantes parceiros da sociedade são a Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo, a Associação Nacional de Jovens Empresários, os institutos Politécnicos de Beja, Portalegre e Santarém e a empresa Decsis.


in CiênciaHoje, Fotografia EDP FabLab

E-Migrar para Portugal

A polémica em torno das declarações do Primeiro Ministro sobre emigração dos professores tem provocado celeuma suficiente para jornalistas e comentadores discutirem os destinos mais aliciantes para portugueses em busca de uma oportunidade. Brasil, Angola, China?

Nos Novos Povoadores, preferimos falar em destinos como Alfandega da Fé, ou outras regiões do interior rural. Tristemente, a polémica não inspira os opinion makers a levantar o véu sobre as oportunidades que residem no reequilibrio territorial baseado na mobilização de uma população empreendedora capaz de gerar riqueza independentemente da localização geográfica (economia DNS).

Há um país por "descobrir". Esconde-se entre a visão romântica do meio rural e o estigma de um interior empobrecido. Na realidade, se a ideia de um projecto de turismo em espaço rural e uma pequena agricultura familiar nutre muitos sonhos, não é menos verdade que hoje, as assimetrias regionais são acentuadas em grande medida pela escassez de população.

É certo que o momento que Portugal atravessa não é dos mais auspiciosos, mas neste período em que o governo está concentrado na consolidação das finanças públicas, e a economia no seu todo sofre um severo abrandamento, é o momento oportuno para reflectir sobre o que, para cada um de nós, pode constituir uma oportunidade.

...e-Migração, porque não?
Emigração das suas ideias, dos seus serviços, sem dúvida! Na economia chamam-lhe exportação, e pode fazê-lo "e-migrando" dentro de Portugal em total segurança e qualidade.

A [e-migração] resultado da procura de melhores condições de vida fruto da ligação ao mercado global.

"É preciso instalar as pessoas com dignidade, é preciso dar vida às aldeias vazias"

Gonçalo Ribeiro Telles, de 89 anos, vai ser homenageado hoje, em Lisboa, enquanto "Homem, Político, Professor, Visionário".






Em entrevista ao SAPO, o arquiteto paisagista que já foi secretário de Estado do Ambiente de vários Governos provisórios, ministro da Qualidade de Vida e deputado, defendeu que é necessária uma nova mentalidade para o planeamento do território: "É preciso instalar as pessoas com dignidade, é preciso dar vida às aldeias vazias".
“Temos as aldeias com senhores envelhecidos, não está lá ninguém. É preciso muita coisa principalmente uma nova mentalidade para o planeamento do território”, afirmou.
Gonçalo Ribeiro Telles considera que são muito poucos os governantes que conhecem bem o país, especialmente o mundo rural. “Há uma ignorância total do que é um território, que tem de ter uma certa população a viver com dignidade”, explicou.
Para o arquiteto “é preciso tirar o maior partido possível das áreas que têm possibilidade de criar alimento. Há instrumentos para o fazer mas não são traduzidos nos planos diretores municipais. Muitas vezes são considerados como obstáculos ao desenvolvimento e ao progresso, o que é uma coisa espantosa”.
A cerimónia de homenagem a Gonçalo Ribeiro Telles decorre na Fundação Calouste Gulbenkian e, entre outros, vão marcar presença Duarte de Bragança, Diogo Freitas do Amaral, Miguel Sousa Tavares, Pedro Roseta, Maria Calado, Alberto Vaz da Silva, António Barreto, Eduardo Lourenço e Mário Soares.

in SAPO, Rita Afonso

DESENVOLVIMENTO PELA INOVAÇÃO


“O interior tem de deixar de esconder a solução que tem para o país.” É assim que Frederico Lucas aborda o desafio. Consultor de desenvolvimento territorial e um dos mentores do projeto Novos Povoadores, este lisboeta mudou-se para Trancoso, na Beira Alta, em 2005. A mudança fazia sentido. “Nós adaptamo-nos depressa à vida barata”, graceja. Só a renda de casa baixou dos 850 euros, em Lisboa, para os 300, em Trancoso. Com a diferença de que na vila beirã a casa é um prédio inteiro, de 12 assoalhadas. Custos com escolas para os filhos ou alimentação são também incomparáveis, para não falar da qualidade de vida em termos sociais e ambientais, que só se encontra nas cidades mais pequenas.
Os Novos Povoadores têm já registadas 750 famílias interessadas em sair dos grandes centros para se fixarem no interior. O alvo privilegiado do projeto são profissionais liberais ou pequenos empresários cujo trabalho pode perfeitamente ser feito à distância graças às tecnologias de comunicação e informação. Quadros médios em regime de teletrabalho podem também viver fora dos grandes centros e mesmo assim manterem-se ligados às suas organizações. A vantagem destes novos habitantes é reavivarem zonas desertificadas, gastando localmente a riqueza que obtêm com os seus clientes ou as suas organizações em Lisboa ou no Porto. Deste modo,  dinamizam a economia local, animando o comércio e os serviços.

Cada vez mais, as autarquias estão atentas a estas formas inovadoras de atrair massa crítica. A política de fixar pessoas com subsídios ou emprego público não foi suficiente para impedir a desertificação das regiões periféricas, pelo que agora se procuram novas soluções. Está na hora de rentabilizar os investimentos feitos nos últimos anos em equipamento, aquilo a que Frederico Lucas chama o “hardware territorial”: as estradas, hospitais, centros desportivos e culturais construídos no interior asseguram uma qualidade de vida difícil de encontrar nos grandes polos.

Agora, é só aproveitar estas estruturas. “Já vencemos a fase do hardware territorial, agora precisamos do  software territorial”, diz o consultor. Esse software são as competências, os talentos e as capacidades que podem fixar-se nestes locais com potencial de desenvolvimento. “Neste momento já temos as condições tecnológicas”, aponta Frederico Lucas. “Só falta o clique social.” Para esse clique, os exemplos de sucesso dos que estão a dar o salto são vitais para despertar vontades. Quanto ao resto, sublinha o mentor dos Novos Povoadores, “é muito importante que haja um encontro de interesses entre o poder local, as empresas e as universidades de cada região”.

in Diálogo

Aldeias tornadas centros de trabalho para jovens empreendedores


Os jovens empreendedores são os actores do projecto infoex.pt. As infra-estruturas construídas no interior do país, mas ao abandono por falta de população, são o cenário. O objectivo é acolher neste património edificado empresas e jovens, deslocando população e economia dos grandes centros para cidades de menor dimensão no interior rural. Agricultura, comunicação, agricultura e floresta são algumas das áreas estratégicas.


Empreendedores e jovens são o «software territorial» que faz falta ao interior do país para ocupar o «hardware territorial», ou seja, infra-estruturas. Esta é a génese da criação da empresa infoex.pt - Inovação Territorial. «Os reduzidos custos de instalação de unidades empresariais no interior, os baixos custos de mão-de-obra em consequência de economias locais não inflacionadas, a qualidade de vida social e ambiental, fruto da baixa densidade e dos fortes investimentos em infra-estruturas sociais nos finais do século passado, tornam estes territórios altamente atractivos para todos os empreendedores em sectores económicos suportados pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)», explica Frederico Lucas, coordenador da infoex.pt.

Na agenda está o desenvolvimento de Working Labs, ou seja, «oficinas de experimentação profissional». As áreas para iniciar estas oficinas estão definidas e são a agricultura, geriatria, floresta, alimentação e comunicação. «Estes temas surgiram por manifestações de interesse por parte de autarcas que se interessaram por este projecto», diz o técnico de dinamização territorial.

Frederico Lucas defende que com o Working Labs juntou «dois problemas para uma solução: muitos jovens qualificados estão desempregados e existem imensos equipamentos públicos em todos os concelhos que precisam de actividade. Sabemos que existem vários conceitos que têm tido sucesso no apoio à integração profissional dos jovens: Coworking [partilha de espaços por trabalhadores independentes]; Fab Labs [laboratórios de fabrico digital]; Mentoring [formação e desenvolvimento pessoal]. Combinamos estes conceitos no mesmo espaço, porque no território rural não é concebível um espaço para cada uma das actividades, e integramos o alojamento bem como um espaço para actividades artísticas».

A agricultura surge como área estratégica «porque julgo que é consensual que Portugal pode reduzir a dependência externa dos produtos agrícolas. E isso não representa um regresso ao passado. Pretendemos apoiar novas iniciativas agrícolas orientadas para as novas tendências de consumo».

O envelhecimento da população acarreta novas formas de cuidar dos mais velhos e também aqui a InfoEx quer apostar na atracção de projectos liderados por jovens para os territórios interiores. «As pessoas mais velhas pretendem manter-se nas suas casas, mas perdem algumas das suas necessidades vitais, como por exemplo a preparação das suas refeições, cuidados de saúde e higiene. A geriatria aparenta ser um mercado emergente», adianta Frederico Lucas.

O coordenador da empresa pormenoriza as razões porque inclui a floresta: «Na fileira florestal temos em conta que os fogos são uma praga que grassa no nosso território rural. O custo económico dessa degradação é incalculável. O custo social é ainda maior. Há oportunidades para esse sector pouco exploradas».

No sector alimentar, existem novas tendências de consumo. «Os produtos Gourmet permitem gerar mais-valias de 500% sobre os seus condimentos. E pertencem a um mercado em crescimento». Por fim, a comunicação. «A imprensa está em crise, num momento em que aumentam exponencialmente os conteúdos. A comunicação online está a atingir a quota de mercado dos meios tradicionais. Mas, as pequenas empresas portuguesas precisam de comunicar melhor. Não podem ter técnicos de comunicação em exclusivo, mas vão ter de recorrer aos seus serviços. Vão explodir os serviços de baixo custo neste sector. Trinta avenças de cinquenta euros cada totalizam o valor de um ordenado».

Estes são sectores a investir porque «hoje o território tem o equipamento para se desenvolver. Mas falta-lhe pessoas e empresas fora das áreas metropolitanas». E neste desenvolvimento, a InfoEx conta com os «actores locais para ter sucesso». Estes «actores» são os «poderes locais, as universidades e empresas», afirma o entrevistado.

Além do Working Labs, InfoEx tem ainda outros projectos em desenvolvimento. O captar de jovens para ter residência no mundo rural e aí iniciarem a sua empresa é um desses projectos. Chama-se Novos Povoadores. Próximo deste projecto está um outro designado «Aldeias Globais» que vida fazer das aldeias centros empresariais.

«O projecto Aldeias Globais, que ainda não iniciou a comercialização, pretende transformar aldeias despovoadas em centros empresariais. São aldeias que perderam todas as infra-estruturas que as poderiam suster. Procuramos empresas que pretendam arrendar algumas dessas casinhas para aí se instalarem, procurando novas funções para esse edificado. Julgamos que são espaços bastante apelativos».

Equilíbrio na distribuição da população pelo território nacional será um resultado positivo deste projecto. Inverter a tendência de acumular população no litoral e nas grandes metrópoles são sempre o objectivo dos projectos infoex.pt. Para demonstrar a relevância desta nova distribuição da população, Frederico Lucas adianta alguns números da Organização das Nações Unidas (ONU): «em Portugal, 42% da população vive em 5% do território. Apenas 3,5% da população vive em cidades médias: Coimbra e Braga. Isto significa que 42% da população vive imobilizada sobre si e 54,5% da população no ‘interior profundo’. Em 2015, 69,2% da população portuguesa viverá nas duas áreas metropolitanas».

Frederico Lucas sublinha que procuram parceiros para desenvolver este projecto que será de baixos custos de implementação. «Acreditamos que é possível o desenvolvimento desta iniciativa com custos bastante reduzidos. Este projecto tem de ser desenvolvido com a optimização dos recursos existentes no território, possibilitando um custo por jovem de 1500 euros. Procuramos parceiros para atingirmos esta realidade, e se possível, para que os jovens assumam apenas uma ‘taxa moderadora’, que seria uma fracção deste valor».

Os jovens com uma ideia de negócio que queiram apostar em localidades menos habitadas podem contactar a infoex.pt através do formulário disponível na página da Internet.



in Café Portugal, Sara Pelicano
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