Novos Povoadores®

Apoiamos a instalação de negócios em territórios rurais

ASSIMETRIAS REGIONAIS

Como é que têm evoluído as assimetrias regionais no nosso país? Estarão as regiões mais pobres a convergir em relação às mais ricas? Estarão as mais ricas a crescer ou a estagnar, como a economia nacional? Estaremos a ficar mais ou menos um país dual? Para podermos responder a estas questões, temos de olhar para uma série de indicadores que nos podem ajudar a esclarecer a evolução das assimetrias regionais em Portugal. Para tal, nos próximos dias, irei debruçar-me sobre estes indicadores. Hoje começamos com o PIB regional por pessoa, que nos indica o rendimento médio de cada habitante de uma determinada região.
Neste sentido, se atentarmos para o gráfico 1 (que nos indica o rendimento médio das regiões portuguesas relativamente à média europeia), facilmente poderemos retirar as seguintes conclusões:
Em primeiro lugar, é visível que, desde 2003, todas as regiões portuguesas estagnaram ou divergiram em relação à media europeia. Ou seja, desde 2003, que todas as regiões portuguesas ficaram mais pobres relativamente ao rendimento médio europeu. Ainda assim, vale a pena sublinhar que antes de 2003, as regiões que mais se destacaram em relação à convergencia de rendimentos com a Europa foram as regiões autonómas, com especial incidência para a Madeira. Assim, entre 1999 e 2007, o rendimento médio por habitante madeirense aumentou de 63% para 79% do rendimento de um europeu médio. Por sua vez, o rendimento médio dos Açores cresceu de 46% da média europeia em 1997 para 55% em 2007. Actualmente, os Açores já são mais ricos do que a Região Centro e do que o Norte do país, e a Madeira aproxima-se a passos largos para se tornar na região mais rica de Portugal.
Em segundo lugar, é igualmente notório que o Norte permanece a região mais pobre do país. Em 2007, o rendimento da Região Norte já era somente 49% do rendimento médio europeu, o que tornava o Norte numa das regiões mais pobres da Europa Ocidental. Obviamente que esta definição do Norte deixa muito a desejar, pois engloba tanto cidades relativamente afluentes como o Porto e Braga, como Trás-os-Montes. Ainda assim, a tendência de empobrecimento do Norte nos últimos anos é simplesmente indesmentível, um fenómeno que urge combater antes que esta divergência se torne demasiado grande.
Em terceiro lugar, a impressionante convergência dos rendimentos médios da Madeira em relação à media europeia foi travada nos últimos anos. Aliás, é até provável que esta tendência se tenha acentuado desde 2008, por causa do agravamento da crise económica.
Em suma, infelizmente, desde 2003, que nenhuma região portuguesa regista uma convergência significativa em relação à média europeia. Uma tendência que é imperioso inverter o mais brevemente possível.

Gráfico 1 _ Rendimento médio das regiões portuguesas em relação à média europeia (PIB por habitante, UE27 = 100)


Fonte: Eurostat

Olhemos agora somente para o contexto português e comparemos os rendimentos médios das diversas regiões com o rendimento médio em Lisboa (a região mais abastada de Portugal). Como podemos ver no gráfico 2, embora a Madeira tenha parado de convergir com a Europa, a convergência da região madeirense com Lisboa continua, apesar de o ritmo de convergência ter abrandado. Por outro lado, é igualmente visível no gráfico 2 que, entre 2004 e 2008, quase todas as regiões convergiram (muito) ligeiramente em relação a Lisboa. A excepção é o Algarve, cujo processo de convergência com a Europa e com Lisboa parece ter perdido ímpeto nos últimos anos.
Finalmente, os números referentes à convergência regional do gráfico 2 sugerem que as assimetrias regionais em Portugal continental se têm alterado pouco nos últimos 15 anos. É, de facto, notório que a diferença entre o PIB por habitante em Lisboa e as restantes regiões se tem mantido quase inalterada. Ou seja, as assimetrias regionaos portuguesas têm persistido e até se têm perpetuado. Pelo menos no que diz respeito ao Continente. A grande excepção a esta tendência são as regiões autónomas, que têm vindo a registar uma convergência real notável em relação ao continente e, em particular, a Lisboa. Se não fossem as regiões autónomas, certamente que as nossas assimetrias regionais nos pareceriam ainda mais imutáveis, quase glaciares.

Amanhã falarei da produtividade média e de outros indicadores regionais. Veremos se as mesmas tendências do Mezzogiorno português se manterão.



Fonte: INE

in Desmitos, Álvaro Santos Pereira

A Cidade Inteligente

Para assinalar o seu 30º aniversário, a AESE – Escola de Direcção e Negócios – reuniu cerca de 450 pessoas no Centro de Congressos do Estoril, em torno da discussão de um tema que, para além de actual, se torna cada vez mais urgente: a sustentabilidade e competitividade das cidades. Uma conferência que obriga à reflexão de temas vários e que já não podem ser negligenciados sob pena de fazermos das cidades locais esquecidos, anónimos e desprovidos de qualquer tipo de afectividade
POR HELENA OLIVEIRA

A partir de três grandes painéis, e com oradores prestigiados, foram debatidos novos desafios, estratégias e conceitos em torno não só das questões da mobilidade – uma das áreas-chave desta temática -, mas também no que respeita às infra-estruturas e redes nas cidades do futuro, ao papel das tecnologias, de novas formas de negócio, sem esquecer as questões culturais e de inovação social que encontram terreno fértil neste novo conceito de urbanismo.

Com o director-geral da AESE, Professor José Ramalho Fontes, a fazer as honras de abertura, traçando o já longo percurso desta escola de excelência, o dia terminou, como também já é hábito na instituição, com uma brilhante prelecção do reconhecido Professor Raul Diniz sob o tema “o núcleo da cidade”(v.Caixa) e que identificou o principal desafio da vida quotidiana como axiológico, ou seja, ao nível dos valores.

Um dia repleto de ideias que, decerto, obrigou à reflexão de novos paradigmas que, obrigatoriamente, terão de ser incluídos na forma como pensamos e vivemos as cidades. O VER resume o essencial da conferência.


Ter um carro é comportamento do século passado
Como não poderia deixar de ser, a questão das energias alternativas, as oportunidades de negócios, especificamente nas smart grids e o papel das tecnologias de informação e comunicação como fontes de inovação nas cidades, foi o tema escolhido para dar início ao primeiro painel. Respectivamente, Miguel Matias, presidente da Self Energy, Filipe Santos, da EDP e GBS Bindra, da Logica, traçaram as principais tendências de um mundo urbano que precisa de se soltar das amarras do carbono, de optar por novos comportamentos e, fundamentalmente, de inovar em termos de modelos de negócios que permitam outro tipo de vivências.

A questão da mobilidade foi central no debate. Com uma apresentação a cargo de Hans Rat, secretário-geral da União Internacional de Transportes Públicos, com sede em Bruxelas, secundado pelo Professor do IST, Tiago Farias, um confesso céptico no que respeita à tão desejada mobilidade eléctrica, a questão dos hábitos pessoais e sociais adquiriu importância extrema nos temas abordados.

Com uma estimativa que aponta para que, em 2050, 84 por cento da população da União Europeia viva em centros urbanos, Hans Rat apelou à urgência de novos modelos de mobilidade e sustentabilidade. Para além dos benefícios óbvios inerentes à utilização de uma boa rede de transportes públicos, com ganhos visíveis em termos de eficiência energética e menor poluição, o responsável alertou igualmente para a necessidade de se usar, de forma mais eficaz, o espaço urbano e para os ganhos económicos de uma Europa que tem que optar entre a dependência do automóvel e a mobilidade sustentável. A título de exemplo e na Europa a 27, os operadores das redes de transportes públicos empregam 1 milhão e 200 mil pessoas e, face à conjuntura de crise actual, o reavivar de investimentos nesta área crucial tornou-se urgente depois de décadas de manifesta negligência destes desafios e oportunidades.

Frisando o enorme potencial de crescimento inerente ao sector dos transportes públicos, Hans Rat afirmou ainda que estão já em curso várias estratégias para duplicar a utilização destes meios de transporte até 2025. Para tal, a Europa terá de integrar serviços de life style como uma sedutora opção para os cidadãos. Rat escolheu Hong Kong e o Dubai como exemplos de uma nova cultura urbana, ilustrando o seu conceito a partir do que é feito por grandes marcas, como a Yves Saint Laurent ou a Gucci, que têm lojas nas estações de metro. O Japão foi também escolhido como exemplo desta nova cultura na medida em que, desde 1990, a venda de carros decresceu 45 por cento, em simultâneo com um aumento de população de 20 por cento, citando, por entre risos, uma frase de um japonês que, em tom irónico, afirma que “ter um carro é ‘tããããoooo’ século XX’”. Ou seja, modelos de carsharing, que existem já em várias cidades da Europa, ou até de bikesharing, poderão estar a definir uma mudança de comportamentos já em curso, com os jovens a sentirem-se “embaraçados” por terem um automóvel.


Da sociedade individual para a sociedade da partilha
Em Portugal, como sabemos, esta mudança de comportamentos parece ser como a procissão que ainda vai no adro. E uma ideia similar foi defendida por Tiago Farias, professor no IST, cuja apresentação se centrou, exactamente, na questão da mobilidade eléctrica.

Para o professor, o problema principal reside, precisamente, no automóvel. Não só porque gasta muito, polui muito, custa muito – em termos de tempo e dinheiro – mas porque continua a ser suficientemente barato para ser utilizado em massa. Apesar de ter referido que a situação começa a apresentar algumas mudanças, Tiago Farias assegura que “as pessoas continuam a querer carros” e que, apesar de menos poluente, o veículo eléctrico é “só” mais um veículo.

Discursando sobre a necessidade de uma melhor gestão da mobilidade – que inclui não só a temática dos transportes públicos, o planeamento urbanístico, a questão dos estacionamentos e, por inerência, também a gestão dos espaços públicos, Tiago Farias afirma que está na altura de se mudar de uma sociedade individualista para uma de partilha, sublinhando também a necessidade de uma nova “inteligência sustentável”. Ou seja, inteligente e sustentável será o cidadão que, ao procurar uma residência, tenha em atenção a escolha do sítio, não só porque é agradável, mas levando também em linha de conta se esta se situa, por exemplo, perto de uma estação de metro ou comboio.

O professor do IST chamou igualmente a atenção para um conjunto de questões que nem sempre são bem abordadas no que respeita ao tema da mobilidade eléctrica. Em primeiro lugar, foi você que pediu um carro eléctrico? Não. Pois não. Faz sentido? A infra-estrutura de suporte está disponível? Existe legislação adequada? Há clientes interessados? Quem ganha? Quem paga?

As perguntas não são de resposta fácil, o que leva Tiago Farias a afirmar que o carro eléctrico é interessante, mas não é um milagre. É sustentável, mas não chega e não é a solução tão almejada. E, mais uma vez, a alteração comportamental tornar-se-á crucial nesta necessária mudança de paradigma. Por que nos deslocamos, como nos deslocamos e que regras aceitamos poderá ser um bom ponto de partida para reflexão, especialmente numa cidade como Lisboa que perdeu cerca de 30 por cento da sua população em 30 anos e na qual entram 400 mil carros por dia.

Enquanto conhecedor do programa português de mobilidade eléctrica, denominado MOBI.E, o qual promete tornar-se num novo cluster ambicioso, com base numa rede integrada entre vários pontos existentes em território nacional e que junta, no alcançar do mesmo objectivo, empresas, universidades e institutos científicos, Tiago Farias volta a expressar as suas dúvidas. Previstos estão 687 postos de abastecimento para o veículo eléctrico em 2011, mesmo que os seus promotores estejam conscientes que não têm ainda clientes para tal. O modelo de negócio também ainda não foi especificamente explicitado, nem os early-adopters. Ou seja e em síntese, é necessário definir uma estratégia de mobilidade eléctrica urbana em que o veículo eléctrico pode constituir um complemento, mas não a solução e que coloca em dúvida se, realmente, possa vir a resolver um dos problemas mais gritantes das cidades.

O professor do IST defende assim que este é um desafio significativo não só para o sector dos transportes públicos, mas também para os decisores e cidadãos.

Já em tempo de debate, Hans Rat voltou a insistir na existência de um novo modelo de independência face ao significado do carro, mas admitiu também que, ao nível dos diferentes países da UE, correspondem níveis emocionais igualmente distintos. Se existem já muitos jovens em algumas cidades europeias que optam por diferentes formas de vida que não passam pela noção de propriedade de um carro, basta estar-se atento aos parques de estacionamento existentes em algumas universidades portugueses para afirmar que, por terras lusas, o carro é, e muito provavelmente continuará a ser, o meio de transporte por excelência dos portugueses.


Cidades criativas e inteligentes
A dimensão cultural na competitividade das cidades foi o tema da apresentação de Cristina Azevedo, uma das responsáveis da “Fundação Guimarães Capital Europeia da Cultura”. Começando por um caracterização das diversas realidades, negativas, que coabitam num mesmo espaço – desde a desigualdade, a exclusão social, a pobreza, o crime, o desemprego ou a degradação ambiental – Cristina Azevedo elege a inovação e criatividade como essencial a uma cidade do futuro. Focando as cidades “encolhidas”, esquecidas, com uma diversidade cultural sem uma matriz estabelecida e onde a disrupção na noção de identidade é cada vez mais clara, a responsável defende a noção de “cidade criativa” como uma forma de atrair e reter talentos, para além da necessidade de esta vir a ser encarada como um ecossistema. Para tal, contudo, é urgente que se estabeleça um novo contrato social, um método inovador de planificação estratégica, que se debruce sobre a forma como as pessoas podem pensar e agir criativamente nesses territórios. Crucial será também um novo enfoque no que respeita ao papel das infra-estruturas, no qual se favoreçam a experimentação e o risco e onde a estreita ligação entre ciência, arte e tecnologia possa inventar novas soluções para velhos problemas. E tudo isto dará origem a uma economia criativa, com benefícios óbvios.

Já António Pires Santos, da IBM, fez uma apresentação mais técnica ou, melhor dizendo, mais tecnológica, sobre a integração dos sistemas urbanos ou a importância dos sistemas informáticos para melhorar a qualidade de vida e a sustentabilidade das cidades. O conceito de cidade inteligente foi aprofundado pelo responsável para a Europa da área de Energy & Utilities Business Solutions da IBM, tendo sido definido como uma interligação entre as infra-estruturas físicas, de TI e sociais, a par da própria infra-estrutura de negócio, para aumentar a inteligência colectiva da cidade. Sistemas inteligentes de gestão de água, energia, ambiente, em conjunto com uma gestão igualmente inteligente dos sistemas de transporte e da segurança pública permitem uma visão sobre a cidade muito mais integrada e eficiente.

Promover a afectividade
Visões díspares sobre a cidade enquanto espaço de inovação social foi o tema da apresentação de Diogo Vasconcelos, Distinguished Fellow da Cisco, que ofereceu à plateia uma volta ao mundo guiada pelas novas necessidades, ideias e mercados que estão já a ser implementados nestas “novas” cidades. Sublinhando que todas as soluções que normalmente se apresentam estão baseadas em modelos antigos, aquele que já foi apelidado como “o homem do Presidente” para o mundo digital, afirmou que todas as crises geram disrupções e podem abrir a chave para uma “nova era dourada”. Para o homem que afirma que “somos aquilo que partilhamos”, antes de mais nada, é necessário fazermos um ctrl+alt-delete , ou seja, um espécie de restart a tudo aquilo que nos habituámos a ter como certo e abordar a inovação de uma forma completamente inovadora, passe o pleonasmo, em que no centro desta não se encontram apenas os produtos, mas sim novas formas de gerar capital social e saber lidar com áreas como a saúde, especialmente no que respeita às doenças crónicas ou com o envelhecimento da população. Para Diogo Vasconcelos, a crise é igualmente uma oportunidade para se criar uma nova vaga de empreendedorismo na Europa. A ideia das cidades como desertos de afectividade, em que o multiculturalismo é a norma, tem de ser transformada para poder gerar mais capital social. Uma das formas é inverter o declínio da “rua” como um espaço público, restaurando-se relações de amizade e de vizinhança, tal como foi feito numa iniciativa que teve lugar em Londres, denominada “The Big Lunch” em que as pessoas convidaram os amigos e os amigos dos amigos para almoçarem na rua.

A questão das emoções serem contagiosas e da influência, muito por causa das redes sociais, que os tais amigos e amigos dos amigos têm nas ideias, nas emoções, na saúde ou na política, ou seja, no comportamento geral, é algo a que se tem que dar uma obrigatória atenção.


Uma outra ideia defendida por Diogo Vasconcelos prende-se com o aumento das plataformas de ajuda mútua – ou seja, a criação de redes sociais “privadas” com quem nos está mais próximo. Este conceito está ligado igualmente às comunidades futuras, ou seja, existem já inúmeras iniciativas em que, através da Internet, se criam, por exemplo, redes de ajuda local aos idosos. Ou se criam plataformas para ajudar os doentes de cancro. Ou se ajuda os seniores a resolverem problemas tão aparentemente simples como instalar uma câmara Web no computador “para conseguir falar com o meu neto”. Todas estas plataformas online de apoio social terão que ser uma realidade cada vez abrangente nas cidades que albergam tantos “anónimos” que, muitas vezes, vivem sozinhos e sem qualquer tipo de ajuda. Como afirmou, “o que leva à morte é a sensação de fardo e de inutilidade”, a integração de idosos em serviços à comunidade é, igualmente, uma tendência crescente em vários agregados urbanos.

O director da Cisco introduziu igualmente a urgência de se criar e experimentar novas formas de financiamento, as quais denominou como “títulos de impacto social”. Com base na premissa de que estamos a mudar de um Estado do bem-estar para uma sociedade do bem-estar, Diogo Vasconcelos deu um exemplo em que é o dinheiro do mercado e não o do Estado que pode resolver problemas sociais. Ou seja, se o problema X for minorado, o Estado paga, a estes investidores sociais, uma compensação em obrigações. Caso não o seja, não terá de pagar nada.

O responsável da Cisco alertou também para a necessidade de se “conhecer o outro”, para o denominado Diálogo das Civilizações. Defendendo que faltam canais para promover o entendimento com o outro, algo que não é um luxo, mas uma pré-condição para o diálogo, Diogo Vasconcelos falou do “Dialogue Café”, um projecto que lidera na Cisco e que já teve uma sessão em Portugal. A ideia é simples mas poderosa: com base na premissa que as pessoas têm mais em comum do que aquilo que as divide, dar-lhes a possibilidade de se “encontrarem” traduz-se na exploração de interesses comuns, no desencadear de colaborações e no estímulo de ideias sobre como enfrentar a(s) crise(s). Assim, o Dialogue Café é isso mesmo: uma mesa de café, um computador e ter-se o “outro” à nossa frente, criando-se janelas sobre mundos diferentes, a partir de espaços públicos do tipo “café”. Com o apoio das Nações Unidas para Aliança das Civilizações, os dois primeiros Dialogue Cafés abriram em finais de Maio último e em simultâneo, no Rio de Janeiro, na Universidade Cândido Mendes e em Lisboa, no Museu da Moda e do Design. Mas são várias as cidades que têm já “encomendado” este modelo e tão díspares como Amesterdão ou Telavive, ou Cairo e São Francisco. Para um diálogo e para cidades sem fronteiras.

in Portal VER

Energy for Smart Cities, 16 Novembro no Estoril

Mais de 50% da população mundial e 70% da população da UE vive em cidades. Nas cidades convergem todos os recursos naturais: materiais, água, alimentos e energia. o acesso dos cidadãos ao bem-estar e as condições de criação de riqueza são confrontados hoje com a responsabilidade ambiental na utilização da energia, tendo em conta o aquecimento do planeta e as alterações climáticas. as exigências da sustentabilidade ambiental, social e económica interpelam o protagonismo das cidades na sua contribuição privilegiada para a consecução de um novo paradigma energético marcado pela eficiência energética e pelo uso das energias renováveis, limpas, dispersas e de proximidade.

"O Sentido da Vida" por @ManuelForjaz



O contributo de uma pessoa extraordinária que marcou o arranque do projecto Novos Povoadores na sua primeira exposição pública

Inovar na educação




in Diário 2

Regresso ao Campo







Como é a vida dos neo-rurais portugueses? Porque se decide ir viver para o campo?... Um documentário de Paulo Silva Costa, na RTP1

João Carvalho viveu onze anos em Londres. Teve êxito, mas fartou-se do frenesim citadino e dos horários das 9 às 5.

Optou por uma existência mais simples. Veio viver com a mulher e o filho recém-nascido para uma casa abandonada que descobriu através da internet e que comprou na Benfeita, em Arganil

Está a reconstruir a casa pelas suas próprias mãos. Só usa ferramentas manuais, e o mínimo de cimento ou de combustíveis fósseis.

O casal é vegetariano. Por isso, quando chega a hora de almoço, a mulher, Claire, tem apenas de descer às hortas abandonadas mais próximas para colher a próxima refeição. Também já fizeram vinho e cinquenta litros de azeite.

João desistiu propositadamente de uma vida com torradeiras e aquecimento eléctrico. Podia tê-la sem dificuldade, mas quer "viver com menos", como diz.



Claire e João são um exemplo de um grupo de novos rurais com crescente implantação nalguns partes esquecidas de Portugal, como é o caso da serra da Lousã ou do barrocal algarvio.

Os primeiros destes neo-rurais eram estrangeiros. Vinham de uma Europa Central então ameaçada por Chernobyl, à procura do últimos redutos naturais do Continente. Este movimento da populacão iniciou-se de resto já há décadas na Europa, mas só há pouco tempo ganhou alguma relevância social em Portugal.

Por cá, desde os anos quarenta do século passado que as migrações eram em direcção às cidades. Foi este êxodo rural que transformou Portugal num pais macrocéfalo, com um interior cada vez mais desertificado e a população concentrada no Litoral e sobretudo na área da Grande Lisboa.

"As pessoas abandonaram as áreas rurais e foram para as cidades à procura de trabalhos menos duros fisicamente, com remunerações mais elevadas ou pelo menos mais regulares, e à procura de melhores oportunidades para os filhos" - explica a geógrafa Teresa Alves, professora do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa.

Ir para a cidade era então visto como uma ascensão social, qualquer que fôsse a vida das pessoas lá.

Mas o mundo rural mudou muito nos últimos trinta anos. Os tractores substituiram o trabalho braçal, e os subsídios comunitários tornaram mais fácil viver no campo. Hoje em todo o lado há supermercados, a toda a parte se chega num instante graças às auto-estradas, e a internet tornou possível viver no campo mas trabalhar em funções que outrora só na cidade se podiam exercer.

Valorizaram-se também socialmente modos de vida desprezados num passado recente. E iniciou-se outra migração interna, a mudança para o campo dos ex-citadinos...





Agora, os geógrafos até já distinguem diferentes grupos destes "neo- rurais": há os que partem por motivação ecológica, os que na reforma regressam à terra natal, aqueles que se dedicam ao teletrabalho, e até os desempregados por causa da crise...

São algumas dessas pessoas que fizeram a opção de ir viver para o campo que o documentário vai encontrar.

Contata-se que os novos rurais portugueses são muitas vezes os netos ou os filhos dos que partiram para as cidades no século passado. Querem mudar de vida, tal como os seus pais e avós, mas têm outros valores.

"Valorizam o seu próprio tempo e modos de vida mais solidários" - conclui Teresa Alves - "e vão á procura de actividades em equilíbrio com a natureza. Também são pessoas que têm uma cultura de território, e que buscam um lugar específico onde possam ser felizes".

Um documentário de Paulo Silva Costa, com imagem de Rui Lima Matos, genérico de Pedro Cerqueira, edição de João Gama, sonorização de Luís Mateus e produção de João Barrigana.

52 min, © RTP 2010

Quanto vale a Internet na economia portuguesa?

Um estudo realizado para aferir o peso da Internet na economia britânica, divulgado ontem, integra alguns dados também em relação a Portugal, que permitem perceber o posicionamento do país num ranking de 28 Estados, membros da OCDE.

Numa tabela global que resume o nível de impacto da Internet na economia dos países (e-Intensity Índex) Portugal surge na 23ª posição. Neste ranking, onde entram em linha de conta o peso do comércio electrónico e dos diversos serviços online geradores de valor, foram avaliados três indicadores principais: Capacidade; despesa e compromisso, associado à Internet.

Portugal surge nos três indicadores na segunda metade da tabela, sendo 20º na tabela que mede a capacidade (Enablement), onde se procura dar resposta à questão: Quão bem construída está a infra-estrutura de Internet e quão disponível é o seu acesso?

No que se refere à despesa - onde se responde à pergunta: quanto gastam os consumidores e empresas no e-commerce e publicidade online? - Portugal é o 24º da tabela e no Compromisso (Engagement) apresenta-se na 22ª posição. Para apurar este indicador os autores do estudo procuraram responder à questão: com que empenho está o governo, cidadãos e empresas a abraçar a Internet?

O objectivo central do estudo era medir o impacto da Internet na economia do Reino Unido. As conclusões da pesquisa, conduzida pelo Boston Consulting Group a pedido da Google UK, revelam que a Internet deu em 2009 um contributo de 100 mil milhões de libras para economia britânica o que representa 7,2 por cento do PIB. O impacto atribuído à Internet para a economia do país fica assim acima do assegurado por sectores tradicionais como a construção, os transportes ou as utilities.

in Tek.Sapo.pt

TED Kiran Bir Sethi: Como ensinar às crianças o poder de cada uma delas

Mais do que ensinar conhecimentos teóricos de matemática, inglês e ciências, a verdadeira educação deve ser capaz de transformar alunos, professores, escolas, cidades e até países inteiros. Esse é o objetivo da fundadora e diretora da Riverside School, Kiran Bir Sethi: “infectar” a todos com o vírus do “eu posso”.
Em sua palestra no TED ela conta que foi infectada quando tinha 17 anos e sentiu a confiança depositada nela por seus professores de faculdade. “E eu fiquei impressionada com aquela sensação tão maravilhosa, e quão contagioso esse sentimento era. Eu também percebi que eu deveria ter sido infectada quando tinha sete anos.”
Quando começou com a escola Riverside, há 10 anos, Kiran descobriu que se o aprendizado estiver incorporado no contexto do mundo real, as crianças passarão por uma jornada de conscientização capaz de fazer com que elas vejam as mudanças e sejam mudadas por elas. Com isso, elas estarão capacitadas para conduzirem as próximas transformações.
Com isso em mente, ela começou uma série de trabalhos com as crianças, primeiro da escola, depois da cidade, depois de toda a nação, para reduzir as distâncias entre a teoria e o mundo real e espalhar o vírus do “eu posso”. O resultado pode ser visto não apenas no comportamento das crianças, como também nas notas – que estavam acima das melhores escolas da Índia.
Após citar os exemplos de ações que comprovaram sua teoria, Kiran lembra aos ouvintes do poder inspirador das mudanças e cita o exemplo de Gandhi, que mesmo sozinho conseguiu infectar uma nação inteira com o vírus do “nós podemos”.
Confira a palestra na íntegra (para ver com legenda em português, selecione a opção ao lado do play):


in EcoDesenvolvimento

Mudar de vida. Trocar o trabalho na cidade pela vida rural

"Começamos a fazer um furo para procurar petróleo, chegamos a dois quilómetros de profundidade e nada, escavamos mais, passamos os quatro, cinco quilómetros e nada. Outra pessoa chega, abre um furo uns metros ao lado e encontra-o quase à superfície." A imagem ilustra a reposta de Nuno Ribeiro, 44 anos, quando lhe perguntam "Como é que ninguém pensou isso antes?"

Designer de comunicação, depois de 17 anos ligado a um projecto que ajudou a fundar - a ETIC (Escola Técnica de Imagem e Comunicação), em Lisboa - decidiu arriscar e fundou o GIZ, um centro de formação com sede na aldeia de Pedralva, concelho de Vila do Bispo. Cortou com a vida na cidade, onde sempre tinha vivido, e trocou-a por outra bastante mais tranquila, com a mulher e o filho de dez anos. "Foi consensual, estávamos fartos da selva urbana." Já lá vão quatro anos.

O seu projecto oferece uma série de cursos que podem ir da fotografia à escrita criativa. Demasiado à frente para uma área mais ou menos recôndita no sudoeste do país? Talvez não.

Os interessados dividem-se entre os hóspedes da aldeia turística de Pedralva e a população circundante, que não tinha acesso a este tipo de serviços. "Lembro- -me da reacção de miúdos que pegaram pela primeira vez em câmaras", conta, "é reconfortante". Após este primeiro passo na região algarvia, Nuno está também à frente do novo pólo da ETIC, em Portimão. A quem tenha um projecto inovador, aconselha: "Não há que ter medo. A maioria dos obstáculos que as pessoas põem ao viver fora da cidade são fantasmas para se desculpabilizar a si próprias."

apontar Se pensa em investir numa carreira em áreas rurais, há sectores em que a aposta é quase certamente ganha. O turismo rural é uma delas e, a avaliar pelo crescimento, tem sido motivo de migração de muitos portugueses. Palmira Amorim de Sousa e Manuel da Nave Soares são disso exemplo. "Levanto-me e ajudo no pequeno-almoço: preparo doces caseiros, compro o pão, etc. Depois começo a gestão dos quartos, lavandaria, manutenção da piscina, do jardim... Nada é monótono, há sempre imensa coisa para fazer." O dia-a-dia de Palmira ainda se divide entre estas tarefas e o cargo de professora de Educação Visual numa escola em Lisboa. Mas isso acabará quando conseguir a reforma.

Palmira e Manuel conheceram a Quinta dos 4 Lagares por um anúncio no jornal. O sonho de abrir e gerir pessoalmente uma unidade de turismo rural realizou-se dez anos depois. O tempo de espera foi preenchido com projectos arquitectónicos e obras de recuperação. "É um processo demorado - pelos casos que conhecemos, oito ou nove anos - e que implica um grande investimento", explica Palmira. Se valeu a pena? "Sim, sobretudo pela qualidade de vida." Quando chegaram não conheciam ninguém. "Hoje, os vizinhos dão-me feijão, tomate, batatas", conta. "Poder chegar à janela e ver ovelhas a pastar é uma vida completamente diferente."

Já há 25 anos, António e Ana Maria Pinto Ribeiro embarcaram no mesmo sentido. Uma hospedeira da TAP e um engenheiro mecânico deixaram a cidade do Porto, instalando-se definitivamente numa antiga propriedade da família, a Casa de Santo António de Britiande, no concelho de Lamego. O objectivo era dar os primeiros passos no sector do turismo. Hoje, para além do turismo de habitação, têm propriedades agrícolas e produzem vinho e azeite.

Desde 1985, muita coisa mudou. "No início estávamos muito limitados a nível de vias de comunicação. Ir até Vila Real, Viseu ou Porto [as cidades mais próximas] era difícil. Não havia cinema. O teatro era pouco. A assistência médica nunca foi problema, mas também não era a melhor." Para quem estava habituado à vida na cidade, faltava, por exemplo, oferta de bons restaurantes. "Hoje já há um pouco de tudo, com grande qualidade", e os acessos a cidades maiores estão facilitados.

"Há uma geração mais nova, entre os 30 e os 40 anos, que se está a instalar na região. A maior parte na área da agricultura", garante António, justificando o movimento com a UTAD [Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro] mas também com as empresas que vão surgindo e que têm necessidade de técnicos qualificados.

extremo Tomás Pracana tem 25 anos e vive desde Abril em Vila de Rei. "Vim com uns amigos que têm aqui família, encontrei uma casa com renda barata e fiquei." Neste momento, está a construir a sua própria casa num terreno e prepara-se para viver numa caravana enquanto não a termina. Viver numa pequena vila no centro interior de Portugal é o culminar de um percurso que passou por cenários tão distintos como Dinamarca, Luxemburgo, França e Alemanha. "O ideal seria viver puramente da agricultura", conta, para explicar o propósito da sua mudança. "Mas quem não ganha dinheiro não é bem visto, nem mesmo aqui", e por isso continua a trabalhar na área da animação com a ajuda da ligação à internet.

Tirou o curso de Multimédia em Lisboa e portanto sabe como funciona a vida na cidade. "É um ciclo. A própria maneira como a cidade está construída gera problemas", o que o leva a nem pensar em voltar. A auto-sustentabilidade acaba por ser mais fácil assim, defende: há uma série de gastos que se eliminam automaticamente. "Se planto para consumo próprio, a qualidade do que como é maior, e estou menos vezes doente, logo não vou tanto ao médico." O seu caso é o exemplo mais radical de que independentemente da razão - ecológica ou económica, criativa ou vulgar -, a fuga da cidade é, acima de tudo, uma mudança de atitude. "O melhor de tudo é ligar o rádio de manhã, ouvir os problemas no trânsito e respirar fundo", brinca Nuno Ribeiro.


in ionline

The shrinking city: Detroit considers concentrating growth, letting vacant areas go rural

Resources may be focused along a light-rail line and on downtown, Midtown, and the better-positioned neighborhoods.

Mayor Dave Bing launched a community outreach process in September that will probably result in a plan for returning parts of Detroit to almost rural conditions.
By some estimates, 40 square miles of the 139-square-mile Motor City currently lie vacant. Roughly 33,000 houses reportedly stand empty, and 91,000 residential lots are unoccupied. Once the nation’s fifth-largest city, home to 1,849,568 people at its peak in 1950, Detroit is now down, by one count, to fewer than 800,000 inhabitants.
With Michigan’s auto industry stripped of its former muscle, many believe Detroit must concentrate its resources and population in fewer, well-chosen places — and encourage some of the semi-abandoned areas to revert to farm fields or nature. The test of how far Detroit goes in that direction will be a new city vision — a strategy for “right-sizing” Detroit — scheduled to be released in December 2011.
In recent months, debate among those with extensive knowledge of Detroit’s situation has favored strengthening the urban qualities of downtown, Midtown — where institutions like the Detroit Institute of Art and Wayne State University are clustered — and other districts that have mostly remained stable.
Midtown, north of downtown, has experienced an influx of young people, artists, and others in recent years as old buildings have been converted to lofts, and other housing has been built from scratch. In all, 3,500 dwellings have been created in Midtown in the past decade, says Mark Nickita, principal of Archive Design Studio, a Detroit architecture and urban design firm. Restaurants, cafes, and music venues have flourished in part because Wayne State, with more than 30,000 students, functions as a permanent anchor, making Midtown one of the most stimulating sections of the city.
“Midtown is going to be a dense area, especially once we get light rail down Woodward Avenue,” says Samuel Butler, who co-chaired the Futures Task Force of Community Development Advocates of Detroit — a group that in late 2008 began devising ideas to “reinvent” the city.
Leaders in government and the private sector succeeded this year in winning a $25 million federal TIGER grant to build an initial 3.4-mile segment of the Woodward Light Rail Line. That sum, when combined with approximately $125 million already raised from philanthropic sources, should make it possible to begin construction within the next two to three years on the segment from the Detroit River through downtown and Midtown to West Grand Boulevard.
If additional funds are secured, a second phase, extending the line to Eight Mile Road (for a total length of 9.3 miles) could be operating by 2016. The full line is estimated to cost $450 to $500 million, much of which would have to come from the Federal Transit Administration.
Andre Brumfield, director of urban design and planning at the Chicago office of the design firm AECOM, led a team looking at how to transform the Northend neighborhood, a distressed area that would be served by the light-rail line. “The new neighborhood plan calls for high-density, mixed-use development oriented around [Northend’s] three transit stations,” Brumfield explained in Model D, a Detroit online periodical.
Northend’s housing would include townhouses and three-story walk-ups, which could have retail on the ground floor. “The area will also include new community parks, space for high-tech or light industrial businesses, and some land for urban agriculture,” said Brumfield. “It’s a big transformation for an area that was historically dominated by the single-family home.”
Nickita sees Eastern Market, a produce market whose historic sheds have been restored, as another focal point of Detroit’s future urban life, benefiting from the surge of interest in “Detroit-grown” agricultural products. Hundreds of community gardens have been established in the city in the past few years.
Dying neighborhoods, tomorrow’s farms?
There has been talk about offering incentives to entice the remaining residents of largely abandoned areas to move into denser neighborhoods, where they would enjoy access to a greater range of nearby services and might feel safer because of more neighbors and more eyes on the street.
It has been suggested that hold-outs might be forcibly relocated — an idea repeated many times by the news media. However, forcing people to leave their homes — except in the case of dangerous code violations — seems unlikely. Memories of the urban renewal’s dislocations remain too painful, especially in a city where at least 76 percent of the population is African-American.
Certainly some deteriorated neighborhoods will lose their last vestiges of urbanism. Mayor Bing has pledged to demolish 3,000 empty residential buildings by the end of this year and to raze a total of 10,000 over four years — a big jump from recent years.
Some of the cleared land could be turned into individual or community gardens, parks, recreation areas, or, in more extreme cases, assembled into tracts large enough for commercial farming.
Businessman John Hantz, who built up a financial holding company called Hantz Group, in nearby Southfield, has in the past two years established a company called Hantz Farms LLC with the intention of creating in Detroit “the largest urban farm in the world.”
Hantz says he will spend up to $30 million on his farming venture. He dismissed some competing ideas for the use of empty land, telling an interviewer, “If you turn it over to parks and recreation, you add costs to an overburdened city government that can’t afford to teach its children, police its streets, or maintain the infrastructure it already has.”
In late September, Michael Score, president of Hantz Farms, told an architects’ gathering that the company is working at assembling 120 acres — the size of tract the company believes is needed to make a farm profitable. Acquiring clear title to such a large contiguous expanse of urban land has proven to be a challenge, but Score said the farm can work around hold-out properties, just as farms in rural areas work around scattered buildings in the landscape.
The company is considering a variety of things to plant, including Christmas trees and an apple orchard. Score has said the company would deploy the latest in farm technology, such as compost-heated greenhouses and hydroponic and aeroponic growing systems.
It’s possible that farms and gardens will be merely a holding stage, until more lucrative or job-generating use of vacant land turns up — factories, for example.
“I don’t think urban agriculture is the silver bullet,” says Butler, who is now working with a committee that’s fleshing out Community Development Advocates’ vision of the future. Even if the persistent problem of pollution of the land is overcome — many urban gardens have to use raised beds filled with new soil — “urban agriculture isn’t going to produce the jobs,” Butler says. “I’m not convinced it’s going to give Detroit an economic advantage. We need to compete with other post-industrial cities around the nation, like Cleveland.”
Urban and community gardening seems mostly to excite educated white people, Butler observes, while African-Americans, many of whose grandparents were sharecroppers, are often not eager to get into farming.
Shrinking a city’s costs
A leading reason why cities talk about “shrinking” is that they can no longer afford all the things they’ve customarily paid for. If large areas become uninhabited or very lightly populated, a number of expenses can be reduced.
“A road that gets very little traffic doesn’t need the same kind of paving,” says Margaret Dewar, a University of Michigan planning professor. “It may not need curbs.”
Where residents are sparse, garbage collection could be done in one run — down just one side of the street, saving a trip, Dewar says. “Maybe you have to wheel your garbage to the end of your street,” where, she hypothesizes, the block’s garbage could be collected from a single location. If an area were largely emptied of residents, it might be possible to cut off water and sewer service — and have any stragglers convert to wells and septic tanks.
“It’s possible to scale down police, fire, garbage hauls,” says Hunter Morrison, longtime planning director for Cleveland before he accepted a position as Youngstown State University’s liaison to the City of Youngstown on development issues. Other operations are more difficult to reduce effectively. Open land requires basic maintenance “unless you plant wildflowers,” Morrison says.
“Some systems are not paid for by the city at all,” he points out. “The gas lines are operated by the gas company, so you’re not saving the city money” by having them removed.
With one-third of Detroit’s population living in poverty, quite a few residents don’t have cars. Partly because of that, Nickita’s firm produced a plan for a “nonmotorized transportation network” that bicyclists and others can use to get from place to place, separate from the streets.
A 1.35-mile segment of that network, the Dequindre Cut Greenway, opened in May 2009, featuring a 20-foot-wide paved pathway with separate lanes for cyclists and pedestrians. It runs below grade on the former right-of-way of the Grand Trunk Railroad. Splashed on some of the remaining structures along its route is graffiti, regarded by some as urban art. “All the overpasses are sort of ruined,” Nickita acknowledges. A shrinking city has its own aesthetic.

in New Urban Network
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